Um Ensaio sobre a vida!
Minhas lágrimas nunca cessarão de rolar.
Mas, eu sei que um dia, Deus exugará deles toda lágrima,
e a morte não mais existirá, já não haverá mais luto, nem
pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram.
terça-feira, dezembro 29
sábado, setembro 26
O paradoxo da condição humana
Eis aqui, pois, o paradoxo da nossa condição humana: nossa dignidade e nossa depravação. Nós somos igualmente capazes do mais sublime gesto de nobreza e da mais vil crueldade. Num momento podemos comportar-nos como Deus, a cuja imagem fomos criados, para logo depois agirmos como animais, dos quais deveríamos diferir completamente. .."Foram os seres humanos que inventaram os hospitais para cuidar dos doentes, universidades onde se cultiva a sabedoria, assembleias e congressos para o governo justo dos povos, e igrejas onde adorar a Deus. Mas foram eles também que inventaram as câmaras de tortura, os campos de concentração e os arsenais nucleares. Estranho e incrível paradoxo! Nobre e ignóbil, racional e irracional, moral e imoral, divino e animal!"
Jonh Stott
Eis aqui, pois, o paradoxo da nossa condição humana: nossa dignidade e nossa depravação. Nós somos igualmente capazes do mais sublime gesto de nobreza e da mais vil crueldade. Num momento podemos comportar-nos como Deus, a cuja imagem fomos criados, para logo depois agirmos como animais, dos quais deveríamos diferir completamente. .."Foram os seres humanos que inventaram os hospitais para cuidar dos doentes, universidades onde se cultiva a sabedoria, assembleias e congressos para o governo justo dos povos, e igrejas onde adorar a Deus. Mas foram eles também que inventaram as câmaras de tortura, os campos de concentração e os arsenais nucleares. Estranho e incrível paradoxo! Nobre e ignóbil, racional e irracional, moral e imoral, divino e animal!"
Jonh Stott
ES: Governo trata organizações de DH como intrusos
fonte: Justiça Global
- Nercinda C. Heiderich
Por José Rabelo, Jornal Século Diário
Intrusos.
É assim que o governo Paulo Hartung classifica os representantes de
organizações de defesa de direitos humanos que vêm ao Estado para
apurar as denúncias de violações de direitos que se perpetuam no sistema
carcerário do Espírito Santo há mais de uma década. As denúncias, cada
vez mais contundentes, mancham a imagem do povo capixaba no Brasil e
no mundo.
Nessa
sexta-feira (5), não foi diferente. O secretário de Justiça Ângelo
Roncalli deu uma ordem expressa para que os representantes da Justiça
Global e Conectas, do Conselho Estadual de Direitos Humanos do Espírito
Santo (CEDH-ES), do Centro de Defesa dos Direitos Humanos da Serra
(CDDH-Serra) e da Pastoral do Menor, se retirassem da Penitenciária
Feminina de Tucum, em Cariacica.
A
comissão legítima, que estava vistoriando os presídios do Estado desde
a última quarta-feira (3), foi surpreendida com a determinação
truculenta do governo. “Não nos deram explicação alguma, simplesmente
pediram que nos retirássemos do interior do presídio poucos minutos
após a nossa entrada”, contou a diretora da Justiça Global, Sandra
Carvalho.
Sandra
Carvalho disse que achou a determinação estranha, pois a comissão já
havia visitado, nos dias anteriores, os DPJs de Cariacica e Vila Velha,
o Centro de Detenção Provisória (CDP) de Cariacica e a Unidade de
Internação Socioeducativa (UNIS), no mesmo município.
O
presidente do CEDH-ES, Bruno Souza, declarou ao site da Justiça Global
(www.global.org.br) que a expulsão reflete a falta de diálogo e de
transparência com que o governo do Espírito Santo trata a questão do
sistema prisional. “Tentam de todas as formas ocultar as graves
violações de direitos humanos que acontecem sistematicamente nas
unidades prisionais do estado. Frequentemente, o governo desrespeita
decisões judiciais e determinações de organismos internacionais.”
A
diretora da Justiça Global, que acompanha as situações de violações de
direitos no sistema prisional capixaba há mais de cinco anos, concorda
com Bruno Souza. Sandra lembrou que os conselhos e as organizações do
Estado sempre foram impedidos de visitar as unidades prisionais,
direito que é previsto em lei. Ela também reclama que o governo não tem
se colocado aberto para o diálogo.
O
advogado da Conectas, Samuel Friedman, que também participou das
vistorias, além da expulsão sumária de Tucum, reclamou de outros
impedimentos impostos pelo governo do Estado à comissão. “Fomos
proibidos de entrar nos presídios com câmeras fotográficas. Assim fica
difícil para materializarmos provas sobre as violações”. Friedman disse
que a impressão que se tem e de que o governo quer “esconder alguma
coisa”.
Mesmo
cerceados, os membros da comissão conseguiram fotografar balas de
borracha que teriam sido disparadas contra os detentos do CDP de
Cariacica e as internas da Penitenciária de Tucum. Os próprios presos
conseguiram entregar as balas aos representantes das organizações.
Sandra Carvalho acrescentou também que havia marcas de tiros (armas de
fogo) nas paredes das unidades que foram disparados de fora para
dentro.
Histórico de intolerância
O
governo do Estado passou a ser ainda mais intolerante com as
organizações e com os conselhos de direitos humanos a partir de abril
de 2009, após o ex-presidente do Conselho Nacional de Política Criminal
e Penitenciária (CNPCP), Sérgio Salomão Shecaira, produzir um dos
relatórios mais contundentes sobre a caótica situação do sistema
penitenciário capixaba. À época, Shecaira comparou as “masmorras
capixabas” aos campos de concentração nazistas da Segunda Guerra
Mundial.
O
relatório mobilizou uma verdadeira carreata de comissões de todo o
País que queriam comprovar se as atrocidades relatadas por Shecaira não
eram exageradas. O relatório, ratificado pelo Conselho Nacional de
Justiça e pela Comissão de Direitos da Pessoa Humana da Secretaria de
Direitos Humanos da Presidência da República – só para citar dois
exemplos -, foi parar na mesa do procurador geral da República com um
pedido de intervenção federal no Estado, tal era a gravidade das
violações.
Comprovando
mais uma vez a intolerância do governo capixaba para com o diálogo,
Shecaira saiu do Estado sem conseguir discutir os problemas de
violações de direitos com os secretários da Justiça e da Segurança,
respectivamente, Ângelo Roncalli e Rodney Rocha Miranda, que foram
refratários aos pedidos de reunião do ex-presidente do CNPCP.
A
tropa de choque do governo tratou a visita de Shecaira como
perseguição política ao Espírito Santo. Chegaram a dizer coisas
absurdas como: “Se fosse com Minas Gerais, que tem um bancada grande,
duvido que eles tivessem coragem de pedir intervenção”.Além disso:
“bisbilhoteiro, intrometido” e até “aloprado” foram alguns dos
impropérios disparados pelas autoridades do governo contra o
ex-presidente do CNPCP.
Na
queda de braço com Shecaira, o governo Paulo Hartung levou a melhor.
Logo após o pedido de intervenção cair na imprensa, o ministro da
Justiça, Tarso Genro, saiu em defesa do Espírito Santo e desautorizou o
Shecaira ao anunciar que haveria outra saída que não a intervenção para
o Estado.
Em
agosto do ano passado, Shecaira deixou a presidência do CNPCP alegando
que um dos motivos de sua saída era a crise no sistema penitenciário
do Espírito Santo. “Infelizmente, o Ministério da Justiça não me deu o
respaldo esperado para resolver os problemas no sistema carcerário do
Espírito Santo. Não me restou alternativa, a não ser sair”.
A
iniciativa de levar os casos de violações de direitos a instâncias
internacionais, como a Organização das Nações Unidas (ONU) e
Organizações dos Estados Americanos (OEA), está sendo a saída encontrada
pelas organizações não-governamentais para manter as denúncias na
pauta.
Segundo
o advogado Samuel Friedman, a Conectas tem status consultivo no
Conselho de Direitos Humanos da ONU. Friedman explicou que a vinda da
Conectas ao Espírito Santo atendia a uma demanda da ONU. “Essa visita é
complementar a primeira que fizemos em novembro do ano passado, também
em conjunto com a Justiça Global e com os conselhos de direitos
humanos do Espírito Santo. Friedman afirmou que, a partir dos novos
dados coletados, a comissão vai concluir o relatório e enviá-lo às
comissões de Torturas e Execuções Sumárias da ONU e à OEA. Ele disse
ainda que o documento, no Brasil, será encaminhado ao CNJ, às comissões
de direitos humanos do Senado e da Câmara e inclusive à Procuradoria
Geral da República, que continua analisando o pedido de intervenção
federal no Estado.
O
advogado da Conectas também informou que em março, durante a reunião
regular da ONU, em Genebra, as organizações não-governamentais serão
ouvidas no Conselho de Direitos Humanos da ONU e os casos de violações
no Espírito Santo entrarão na pauta internacional.
O
Conselho dos Direitos Humanos da ONU, instituído em março de 2006, é
formado por 47 países. Sua criação foi marcada por uma polêmica
envolvendo os Estados Unidos, as Ilhas Marshall, Palau, e Israel, países
que votaram contra a criação do novo Conselho.
Os
Estados Unidos justificaram seu voto contrário alegando que haveria
pouco poder envolvido no Conselho e não se conseguiria evitar os abusos
contra os direitos humanos que acontecem em todo o mundo.
fonte: Justiça Global
segunda-feira, junho 8
Entenda a 1ª Guerra Mundial em 20 fotos da época
28/07/2014 06h43
- Atualizado em
28/07/2014 16h01
Entenda a 1ª Guerra Mundial em 20 fotos da época
Assassinato de arquiduque serviu de estopim para o confronto bélico.
Primeiro conflito de proporção global deixou 10 milhões de mortos.
Do G1, em São Paulo
saiba mais
Nesta segunda-feira (28), completam-se cem anos do início da 1ª Guerra
Mundial (1914-1918). O conflito foi o primeiro a envolver países dos
cinco continentes e deixou cerca de 10 milhões de mortos e 20 milhões de
feridos, além de resultar na queda de quatro impérios (Russo,
Austro-Húngaro, Alemão e Otomano).Veja abaixo 20 imagens que resumem o que foi a guerra:
Paz Armada
Em um período chamado de "paz armada" (1871-1914), esses países protagonizaram uma corrida armamentista que aumentava a tensão nas relações internacionais. O continente era um barril de pólvora e bastava uma faísca para que explodisse. O estopim foi um crime político.
Trabalhadores em uma fábrica de bombas na Inglaterra (Foto: Flickr/IWM Collections)
O estopim
do arquiduque Francisco Ferdinando, príncipe herdeiro do Império Austro-Húngaro, e de sua mulher, Sofia. Eles foram vítimas de um atentado durante visita a Sarajevo – ato com importante conteúdo político, pois buscava demonstrar o domínio austríaco sobre a região.
O crime aconteceu em 28 de junho de 1914. O autor dos disparos foi Gavrilo Princip, estudante sérvio-bósnio ligado a uma organização nacionalista. Um mês depois, em 28 de julho, o Império Austro-Húngaro declarou guerra à Sérvia, dando início ao confronto.
Francisco
Ferdinando e sua mulher, Sofia, deixam a Prefeitura de Sarajevo, em 28
de junho de 1914 (Foto: Reuters/JU Muzej Sarajevo)
Foto
não datada do velório do arquiduque Francisco Ferdinando e de sua
mulher, Sofia, mortos em um atentado a tiros em Sarajevo (Foto:
AP/Arquivo Histórico de Sarajevo)
Prisão de Gavrilo Princip, à direita sem chapéu, momentos após matar o arquiduque (Foto: AP)
Efeito cascata
Por causa da política de alianças, em pouco tempo praticamente toda a Europa está envolvida no conflito. De um lado estavam os países da Tríplice Aliança (Alemanha, Itália e Império Austro-Húngaro) e, do outro, a Tríplice Entente (Reino Unido, França e Rússia).
Em maio de 1915, a Itália, que pertencia à Tríplice Aliança (mas até então estava neutra), declara guerra ao Império Austro-Húngaro e muda de lado, indo a combate do lado da Entente, em troca da promessa de receber territórios.
Apesar de ser um conflito essencialmente europeu, a guerra envolveu os Estados Unidos e o Japão, e as colônias das potências da Europa também foram campos de batalha.
Em outubro de 1917, o Brasil declarou guerra à Alemanha pela mesma razão dos Estados Unidos: meses antes, navios mercantes brasileiros haviam sido afundados por submarinos alemães. Sua participação, porém, foi pequena e teve poucos reflexos na guerra.
População celebra em Berlim declaração de guerra (Foto: Flickr/The Library of Congress)
Fronteiras e trincheiras
Após vencer a resistência das forças belgas, os alemães conseguiram entrar em território francês pela fronteira do país. Em apenas um dia, 22 de agosto de 1914, 27.000 soldados franceses foram mortos, na mais importante perda para as tropas do país. Uma das principais caraterísticas dos confrontos foi o uso de trincheiras – frentes estáticas escondidas em valas cavadas no chão, protegidas por arame farpado.
Soldados alemães defendem trincheira na fronteira com a Bélgica (Foto: U.S National Archives)
Soldados franceses recolhem ferido em cidade da Bélgica, em 1914 (Foto: Flickr/The Library of Congress)
Soldados fazem reparo em trincheira após ataque a bomba (Foto: Flickr/U.S National Archives)
Imagem
aérea feita de um avião britânico mostra trincheiras cavadas na Frente
Ocidental, em junho de 1917 (Foto: Reuters/Archive of Modern Conflict
London)
Batalhas devastadoras
Foi em território francês que se travaram as principais batalhas da guerra. As mais devastadoras foram as de Verdun e Somme. A primeira durou de fevereiro a dezembro de 1916. O exército francês empenhou todos seus esforços para conter as investidas alemãs no nordeste do país. A batalha terminou com mais de 700.000 baixas.
A segunda começou em julho de 1916 e durou cerca de cinco meses. Os exércitos da França e da Grã-Bretanha investiram contra a linha de defesa alemã na região do Rio Somme, mas não tiveram êxito. Foi o conflito mais letal da guerra, com 1,2 milhão de vítimas – entre mortos e feridos de ambos os lados.
Tropas britânicas avançam durante a Batalha do Somme, em 1916 (Foto: Reuters/Archive of Modern Conflict London)
Soldados observam disparos da artilharia durante a Batalha do Somme, em 1916 (Foto: Reuters/Archive of Modern Conflict London)
Batalhas do Marne
Dois anos depois, já com os Estados Unidos lutando na guerra no lado da França e da Grã-Bretanha, houve a segunda batalha do Marne, que marcou o início do recuo geral das forças alemãs. Em julho de 1918, com a ajuda dos americanos, os exércitos aliados conseguiram barrar o avanço do exército alemão, em um conflito que causou centenas de milhares de baixas em ambos os lados.
Tropas francesas nas ruínas de uma catedral perto do Rio Marne em ataque contra os alemães (Foto: Flickr/U.S National Archives)
Munição das tropas alemãs abandonada na Batalha do Marne (Foto: Flickr/The Library of Congress)
EUA desequilibram
Foi ao lado dos americanos que os países da Entente conseguiram reagir de forma mais efetiva contra as investidas do exército alemão.
Foto de soldados americanos em material de publicidade de recrutamento (Foto: Flickr/U.S National Archives)
Artilharia pesada
Das baionetas, os exércitos passaram às metralhadoras, frotas de encouraçados, submarinos, tanques de guerra, lança-chamas e gases tóxicos. Os aviões, que antes serviam apenas para observação, começaram a ser usados em bombardeios.
Exército francês faz disparo com imenso canhão de guerra (Foto: Flickr/U.S National Archives)
Capelão faz sermão do cockpit de um avião de guerra (Foto: Flickr/National Library of Scotland)
Guerra química
Soldados
americanos posam com máscaras de gás no Laboratório de Desenvolvimento
Químico na Filadélfia, nos EUA, em 1919 (Foto: Reuters/Archive of Modern
Conflict London)
Genocídio armênio
Foi durante a 1ª Guerra que começou o genocídio armênio pela mão dos turcos, em abril de 1915. Os homens eram levados para o fronte, onde eram mortos enquanto cavavam trincheiras. Crianças, idosos e mulheres eram tirados de suas casas para "caravanas da morte", onde sucumbiam ao frio, à fome e às doenças. Os armênios afirmam que o número de mortos chegou a 1,5 milhão.
Ossada de armênios queimados vivos por soldados turcos em 1915 (Foto: Acervo/The Armenian Genocide Museum-Institute)
Revolta e revolução
Em novembro do ano seguinte, oito meses após o czar Nicolau II abdicar, começa a Revolução Russa. Em dezembro, o país assina o armistício com a Alemanha e sai da 1ª Guerra.
Soldados fazem demonstração em São Petersburgo em fevereiro de 1917 (Foto: Wikimedia Commons)
Armistícios
Estima-se que a 1ª Guerra mobilizou mais de 70 milhões de soldados dos cinco continentes e gerou custos da ordem de 180 bilhões de dólares. O conflito teve ainda 6 milhões de prisioneiros e 10 milhões de refugiados.
Em junho de 1919, é assinado o Tratado de Versalhes, que impôs as condições de paz – as mais duras para a Alemanha. O país perdeu todas as suas colônias, foi desarmado, teve parte de seu território ocupado militarmente e ainda precisou pagar uma pesada indenização pelos custos da guerra.
Tropas marcham em Londres após assinatura de armistício que deu fim à guerra, em 1918 (Foto: Flickr/National Library NZ)
*Com France Pressequinta-feira, abril 30
Posts tagged Holocausto
Estudo altera data da morte de Anne Frank em campo de concentração nazista
0
3 weeks ago
by Cristina Danuta
in livros
Adolescente judia escreveu diário que tornou-se ícone do holocausto durante Segunda Guerra Mundial
Publicado no Divirta-seA adolescente judia Anne Frank, que teve seu diário lido por milhões de pessoas, faleceu pelo menos um mês antes da data oficial de sua morte, segundo as conclusões de um novo estudo publicado nesta terça-feira, 31. “A investigação joga nova luz sobre os últimos dias de Anne Frank e de sua irmã Margot”, afirma um comunicado da Casa Anne Frank, divulgado na data de aniversário da morte da famosa adolescente.
“Suas mortes aconteceram em fevereiro de 1945, e não em março”, segundo a instituição. Anne e Margot Frank morreram no campo de Bergen-Belsen entre 1 e 31 de março, informou a Cruz Vermelha na ocasião. As autoridades holandesas adotaram a data de 31 de março.
A família Frank se escondeu em 1942 em um anexo secreto de um edifício da empresa de seu pai, Otto, com o objetivo de escapar dos alemães. A adolescente escreveu no local seu diário, que se tornou um dos relatos mais emblemáticos da ocupação nazista, até que a família foi detida e deportada.
Entre junho de 1942 e agosto de 1944, Anne registrou em diário o cotidiano com sua família judia; textos formaram crônica da vida em um esconderijo improvisado, onde os Frank viviam enquanto eram perseguidos pelo regime nazista
Anne e Margot morreram vítimas de tifo em Bergen-Belsen, com 15 e 19 anos respectivamente. Sua mãe, Edith, faleceu em Auschwitz e o pai, Otto Frank, o único dos oito habitantes do anexo secreto que conseguiu sobreviver ao Holocausto, morreu em 1980 com 91 anos.
O novo estudo examina o trajeto de viagem das duas irmãs, primeiro para Auschwitz-Birkenau e depois para Bergen-Belsen, enquanto os russos avançavam pela frente leste. Os pesquisadores se basearam principalmente em documentos da Cruz Vermelha e do Memorial de Bergen-Belsen, mas também em “diversos relatos de testemunhas e sobreviventes como foi possível”.
De acordo com quatro sobreviventes, Anne e Margot já sofriam de tifo no fim de janeiro. “A maioria das mortes por tifo acontece 12 dias depois do surgimento dos primeiros sintomas”, destacam os investigadores, que citam o Instituto Holandês de Saúde Pública.
Melhor amiga de Anne Frank foi salva por oficial nazista
0
1 month ago
by Cristina Danuta
in notícias
A história de como Jacque van Maarsen conseguiu se livrar dos campos de concentração alemães mesmo sendo judia – e toda a sua relação com a amiga, que viria a ser famosa posteriormente por narrar seu cativeiro em Diário de Anne Frank
Giuliander Carpes, no Terra
Durante o período de dominação alemã da Segunda Guerra Mundial, a Holanda enviou 107 mil judeus para campos de concentração. Apenas 5,2 mil sobreviveram. Considerada por Anne Frank sua melhor amiga – conforme está escrito no seu famoso Diário -, Jacqueline van Maarsen só escapou da deportação para um destino semelhante porque seu nome entrou na lista de Hans Georg Calmeyer. À frente da Direção de Administração Interior, o advogado livrou pessoas que não fossem “puramente judias” da perseguição nazista.
Jacqueline é filha de pai judeu holandês e mãe católica francesa. Aos 86 anos, ela não sabia que seu nome constava na famosa lista de Calmeyer – pelo menos 3,7 mil judeus se livraram da morte por causa da intervenção do advogado. Foi alertada para o fato por um pesquisador durante uma palestra na Casa de Anne Frank de Berlim há poucos meses. A entrevista para o Terra em sua casa no sul de Amsterdã foi a primeira que concedeu depois de confirmar a informação.
“Não se sabe ao certo se Calmeyer salvou tantos judeus apenas porque sabia que a Alemanha perderia a guerra, mas de qualquer forma ele o fez. Quando você tinha apenas o pai ou a mãe judeu, ele organizava para que você não fosse considerado judeu”, explica Jacqueline, que perdeu muitos primos e tios por causa da perseguição dos nazistas.
“Eu não acreditei no que esse pesquisador falou logo na primeira vez, mas ele me mostrou um documento onde estavam as assinaturas da minha mãe e do meu pai. Foi esse papel que permitiu que eu não precisasse mais frequentar a escola judia e pudesse não fazer mais parte da comunidade judia à época, o que foi muito difícil porque a comunidade era muito unida e eu gostava da escola. Foi muito estranho saber disso apenas agora quando eu já tenho 86 anos.”
A amizade com Anne Frank
A relação com Anne Frank surgiu antes, quando as duas foram colegas na escola de judeus criada pelos alemães para segregá-los do restante da população. “Os alemães que haviam fugido para a Holanda eram muito unidos e não se misturavam muito com a gente. Mas, no momento que a gente se conheceu, ela deixou um pouco esse grupo (Anne era alemã). Ela era bastante doce comigo”, conta Jacqueline. “Nunca conheci ninguém que gostasse mais de viver do que Anne. Nós estávamos sempre ocupadas fazendo alguma coisa divertida.”
Mas, como é normal em qualquer idade, as duas também tinham alguns desentendimentos. “Ela era bastante ciumenta, queria que eu fosse amiga só dela. Algumas vezes ela ficava brava comigo porque eu conversava com outras pessoas”, lembra.
Quando a perseguição aos judeus aumentou, as duas fizeram uma promessa: a primeira que tivesse de fugir dos nazistas (ou que fosse capturada por eles) deixaria uma carta para a outra. Em julho de 1942, a irmã de Anne, Margot, recebeu uma carta que a ordenava a se apresentar para os alemães afim de que fosse levada para um campo de trabalho forçado.
A carta foi o estopim para toda a família Frank se esconder no anexo do prédio da antiga empresa de Otto, pai das duas. Numa tentativa de despistar os nazistas, ele deixou um bilhete avisando que todos teriam fugido para a Suíça.
Impedida pela mãe de dar qualquer pista de seu paradeiro, Anne escreveu, na verdade, mais de uma carta para Jacqueline durante (mais…)
sexta-feira, abril 10
SAÚDE, BIOÉTICA E POLÍTICA – Vendem-se corpos e compram-se consciências?
Marcio Pereira de Andrade
Imagem
publicada – uma
foto colorida que fiz de uma matéria televisiva sobre o uso de robôs e
novas
tecnologias a serviço das guerras, de indústrias de ponta nos Eua, onde
um manequim
é cirurgicamente operado por um robô, que é teleguiado e projetado para
servir
remotamente a cirurgiões, que irão abreviar atendimento emergencial de
soldados
feridos em combate. A legenda diz: um robô que pode realizar cirurgias
no campo de batalha. Matéria do Discovery Channel onde a robótica é
utilizada
para criação de drones, robôs espiões e desarmadores de bombas à
distância.
“... Ao final do século XX, o fenômeno que mais se destaca é
que a compra e venda não dizem respeito ao corpo como um todo, mas envolvem as
partes individuais do homem. Assistimos, em outras palavras, à fragmentação
comercial do ser humano. Os limites entre os usos e abusos do corpo tornaram-se
gradualmente mais sutis e imprecisos...” (Giovanni Berlinguer
& Volnei Garrafa, in Mercado Humano, 1996)
In memoriam de Giovanni
Berlinguer (1924- 06/04/2015)
Sempre me perguntam se
faria uma nova cirurgia. Sempre me indagam se não há um ‘’novo’’ tratamento,
para minhas perdas, inclusive da mobilidade física. Sempre se surpreendem
quando digo que estou à espera dos robôs da Nasa ou de alguma invenção das
biotecnologias que irão trocar toda a minha coluna vertebral e não apenas
colocar novos parafusos de titânio. Ainda prefiro a re-existência titânica do
viver.
Assisti, recentemente,
um desses programas de TV, da Discovery, onde um robô estava a ser testado,
como na foto que tirei, para ‘realizar (em tempo recorde e veloz) uma cirurgia
em campos de batalha’. Me vi ali deitado e sendo, então, novamente operado. E o
bisturi, tele manipulado como nossas atuais consciências, me abria novamente pelas
costas.
Hoje uma amiga me
telefona, após muitos anos de distanciamento geográfico, e me sugere que
façamos, visto essa minha tendência robótica de introduzir titânio no meu
corpo, uma campanha para que vá para uma frente de batalha no Afeganistão.
Lógico que só com passagem de ida, pois a volta, após a identificação de meu “sanguíneo
conteúdo” político, pode ser direta para Guantánamo.
Tenho um belo livro
para releitura e reflexão: O Mercado Humano – Estudo bioético da compra e venda
de partes do corpo. É o mesmo citado lá em cima. Nele há interrogações sobre
nossos tempos de transplantes de órgãos, fecundação artificial, engenharia
genética, e, interessantemente, a questão da ‘escravidão ao mercado tecnológico’.
De lá, o livro é de
1996, para os nossos dias de Século XXI posso ter de responder com um sim às
suas indagações: “Pode tudo ser realmente
comprado ou mesmo roubado? Os órgãos para transplantes, o sangue para as
transfusões, os recém-nascidos para as adoções, as meninas para as
prostituições?”. Se alguém tem dúvidas busquem, em separado, as perguntas,
e as respostas, no grande dicionário digital, o Google.
A realidade cruenta,
por exemplo, da questão de tráfico de órgãos veio novamente à tona por causa de
médicos lá no Sul de Minas. Não muito longe de minha terra natal e suas águas
medicinais. Lá na pacata estância hidromineral de Poços de Caldas. Lá ocorreu o
chamado Caso “Paulinho Pavesi”, um menino de 10 anos que teve seus órgãos
retirados, segundo matéria de jornal, “enquanto ainda estava vivo”.
Esses e outros ‘’casos’’
estão relatados em jornais de imprensa local e de outros veículos, dos quais
listei apenas alguns. O que ligou às notícias foi o título do livro de
Berlinguer e Garrafa. Além disso, o surgimento fugaz em redes sociais de
matérias midiatizadas recentemente. Não estou e estarei aqui para o julgamento
da ‘’Máfia dos órgãos’’, mas para tentar compreender de onde nascem as raízes
desse mercado.
Estamos assistindo,
tele e midiaticamente, um recrudescimento de atitudes preconceituosas em
Faculdades de Medicina. Recentemente vimos ‘veteranos’ com as fardas e capuzes
da Klu Khux Khan, estavam em suas ‘fantasias’ e trotes reproduzindo o martírio
de negros nos corpos dos ditos ‘bichos ou calouros’, lá na Unesp. Entretanto já
tínhamos precedentes. Antes tivemos os estupros e as violências dentro das ‘festas’
de iniciação da vetusta Faculdade de Medicina da Usp.
Cito apenas estas duas
ocasiões violentadoras, em espaços de formação acadêmica, uma que foi
naturalizada e outra que passou até por uma CPI, e como “notícias”, em tempos
voláteis, só voltarão quando novos casos surgirem.
No texto que escrevi
sobre o Holocausto brasileiro promovido, historicamente, lá em Barbacena, MG,
já fiz as devidas ligações entre o comércio de corpos do hospício para as mesas
de dissecção anatômica das faculdades de medicina. Eu, lamentavelmente, vi e
tive esses cadáveres anônimos como ‘’lições’’ de anatomia humana, cheios de
formol e de pele totalmente endurecida. Eram os Anos 70.
Creio que a dissolução,
possíveis escrúpulos ou humanidades, no mais profundo de nossos inconscientes
sobre o homem como sujeito, na formação dos profissionais de saúde, em especial
os médicos, ocorrem nessa ‘iniciação’ onde temos uma ‘’oração do cadáver
anônimo’’, mas podemos, no futuro, transplantá-lo a categoria de homem-objeto.
Os
primeiros ‘poços’
profundos, ou gênesis, de nossa posterior desumanização dos corpos pode
fincar
as raízes nesse solo acadêmico. Afinal o que nos separaria dos médicos
nazistas
que, como nos diz Agambem, faziam experimentações com as cobaias
humanas, as ‘versuchem
person’, onde os judeus ou pessoas com deficiência eram submetidos às
mais
baixas temperaturas, ou extração ‘a frio’ de órgãos para fins dos
‘avanços da
medicina germânica, e a proteção do exército do Reich’? Mas seriam
necessárias biopolíticas, leis, e, principalmente escolas da
de-formação da Juventude Hitlerista ou das Faculdades de Medicina, ou
não?.
Não
estou trazendo de
volta o fantasma de Mengele, mas que há um ‘cheiro’ mortal e incômodo de
nazifascismo no ar não há como negar. As banalizações e naturalizações
de
violências estão autorizando, mesmo que não explicitamente, a
‘neomercantilização’,
‘neoescravidão’ e ‘neoexploração’ de nossos corpos insurgentes (como
filme dos
adolescentes). O Grande Irmão global nos incentiva à neo-guerra.
Forjamos novas escolas hipermidiáticas do ódio e de novas Ondas? Ou
apenas, neurótica e perversamente, repetimos os nossos passados?
As nossas raízes culturais também se
alimentam de trans históricas posições eugênicas dos médicos e educadores do século XX. Lá
em São Paulo nos anos 20 podíamos ainda ter a contribuição de eminentes
escritores, intelectuais e ‘elites’ sociais que legitimavam a distinção de ‘corpos
válidos’ e ‘corpos descartáveis’.
A Vida Nua pode ser
captada como um discurso de Eugenia e Poder, segundo estudo de Vera Regina
Beltrão Marques, no discurso de Monteiro Lobato, o mesmo das Reinações de
Narizinho, que dizia: “-Muito cedo chegou
o americano à conclusão de que os males do mundo vinham de três pesos mortos
que sobrecarregavam a sociedade- o vadio, o doente e o pobre... A eugenia deu
cabo do primeiro, a higiene do segundo e a eficiência do último...”.
E o escritor tinha
relações muito próximas com os higienistas e eugenistas brasileiros. Para eles,
que se consideravam uma ‘elite’, a eliminação ‘radical’, assim como propõem os
fascismos, é a melhor solução para “a América (incluam o nosso país)
aproximar-se de um tipo de associação já existente na natureza, a colmeia – mas
uma colmeia da abelha que pensa”.
Eis aí um discurso que
estamos sendo obrigados a escutar, ver e ler nos nossos tempos de Idade Mídia.
Arautos do ‘bom combate’ das nossas corrupções, projetadas apenas no socius,
dizem que devemos dar o poder político de gerir o país e a Vida aos que são ‘puros,
imaculados e nascidos em berços esplêndidos das classes mais afortunadas’.
Aos outros, aqueles que
contaminam nossos shoppings ou nossas periferias, cabe a continuidade do
extermínio por ‘golpes brandos’. Mantem-se a alienação, o racismo, as
discriminações e o trabalho escravo como naturais. Esses outros são as nossas
misérias ou serão.
A exclusão social
retoma seus ares de horror econômico e a cultura do medo retoma sua posição a
favor de novas e sutis repressões, inclusive políticas. Os corpos são novamente
Vidas Nuas, homo sacer.
E, aqueles dos quais se
esperava o cuidado com a Saúde, em especial a pública e universal, chamada
ainda de SUS, podem nos submeter às desqualificações e desumanizações que
justifiquem esse novo mercado privado e altamente rentável. Seremos os novos
pacientes doadores espontâneos dos nossos órgãos. E os úteros já estão
alugados.
Portanto, não
estreitando nossos olhares e visões, acredito que temos de buscar urgentemente
uma ressignificação e revitalização de nossos corpos trabalhadores. Já nos
terceirizam e comercializam, até quando nos prostituirão as consciências críticas
e políticas? Até quando nos darão olhos biônicos e televisivos que nos afastam
do Outro e nos dão uma sórdida ilusão de Poder?
A medicalização do
viver tem andado passo a passo no mesmo caminho tortuoso da militarização da
Vida. Os novos casos, sempre meninos ou meninas, que perdem suas partes
fragmentadas, ou por balas de fuzil ou por bisturis eletrônicos, passarão a
categoria perversa de ‘efeitos colaterais’ de nossos progressos? Ou são apenas
vidas descartáveis que atrapalham as novas tanatocracias ditatoriais ou seus
projetos globais, sejam elas nas Áfricas, na Ucrânia, na Síria ou no Brasil?
Portanto, dentro dessa
minha visão, que não desejo ser antevisão, espero não ter o falso gozo de me
tornar mais uma cobaia humana. As alianças das biotecnologias, das engenharias,
das genéticas e das biopolíticas não aliviarão, nem aliviam, os meus mais
profundos e poéticos ardores.
Eu, brasileiro, negro,
e Lobatianamente descartável, prometo me manter na Re-existência e na Resiliência,
política e micropolítica, para além do fato de ser mais um que deseja um envelhecimento
com dignidade para a Medicina, em busca de um aprender a construir, bioéticamente,
novas pontes para o Futuro ...
quinta-feira, abril 9
JUSTIÇA!!! "O Caso Ana Carolina Cordovil Heiderich" (Reforma Psiquiátria)
ANA CAROLINA CORDOVIL HEIDERICH SILVA
Ela só tinha 18 anos,e foi mais uma vida ceifada pelo criminoso sistema psiquiátrico de nosso país.
POR ESTA E MUITAS OUTRAS VIDAS, PRECISAMOS UNIR FORÇA EM PROL DE UMA URGENTE URGENTÍSSIMA REFORMA PSIQUIÁTRICA ANTIMANICOMIAL NO BRASIL.
DEPOIMENTO DE NERCINDA (MÃE DE ANA CAROLINA)
Internei minha filha no dia 26/11/2006 por volta das 19h. Na Clínica de Repouso Santa Isabel LTDA em Cachoeiro do Itapemirim/ Es. O meu objetivo era a Clínica Capaac por ser bem menor e possuir, apenas cerca de 35 leitos divididos entre masculinos e femininos. Chegando lá o médico nos informa que não tinha vaga e fez o encaminhamento para a Clínica Santa Isabel. Antes de ser atendida lanchou. Como ela queria biscoito de chocolate e dei de morango, por engano, ficou chateada. Logo o médico chegou e pediu que os enfermeiros a levassem para outra sala enquanto ele conversava comigo. Ela perguntou ao médico se não poderia ficar comigo até à hora da internação, ele alegou que era apenas para ver a pressão. Até eu acreditei. Porém, ela perguntou por que ele mesmo, não olhava sua pressão ao que respondeu que, o seu aparelho estava lá dentro. Foi a última vez que nos vimos.
Falei das suas dificuldades, dos medicamentos que ela tomava (trileptal300ml, rivotril2ml, fluoxetina20ml, metformina e glimepirida para controlar a glicose tipo II e que ela nunca tinha tido problema, pois media sempre 113, 123, 124 e poucas vezes chegavam a 145). Mas nunca havia ficado doente fisicamente.
Pedi que não lhe ministrasse Haloperidol, pois era alégica e já tinha sido socorrida na emergência com a língua inchada, para fora após ter tomado 20g de haldol mais um comprimido de akneton em dois dias somando 40g e dois comprimidos de akneton de 1ml.
Para reverter o quadro, a medica plantonista lhe aplicou Decadron e fernegan. Ele anotou, pois me pediu que repetisse os nomes dos medicamentos enquanto escrevia. Esta ficha não consta no prontuário, já que o mesmo me foi negado durante 6 meses.
Pedi a exumação após três dias e só consegui após 7 meses e dezesseis dias com muita insistência.
O médico diz que foi infarto do miocárdio , o legista diz , causa indeterminada, já que o coração estava em perfeito estado de conservação. Porém o pulmão esquerdo estava murcho. Além do tempo ainda os materiais só foram enviados para exame de laboratório depois de 40 dias, assim mesmo porque eu liguei para o IML para saber do resultado, eles não sabiam de nada já que estes materiais ainda estavam aqui em Manhuaçú e só saiu depois que eu falei com a delegada. Liguei outra vez para o IML e a perita me disse que foi impossível detectar a causa pelo fato das víceras estarem e formol o que atrapalha, segundo ela, as investigações. Estas partes não podem ser colocadas em nenhum conservante. Tentei contestar o laudo, mas encontrei dificuldades. O advogado do caso não se pronunciou. Infelizmente parece que neste mundo temos que saber de tudo, o que é impossível.
Ao terminar a consulta quis ver minha filha. Ele me disse que não era possível, pois ela estava sedada. Assustei-me e, falei: O Dr. não deu haldol pra ela! Ele me disse que não e que teria lhe dado apenas diazepam com biperideno.
Ao sair a atendente me pediu que eu deixasse para vê-la após,pelo menos 05 dias até que o paciente se habituasse no ambiente. Eu ligava cerca de três a quatro vezes por dia e só recebia boas notícias. Ela está bem!Mas não podia falar com opaciente hora nenhuma pelo telefone.
No final de 05 dias, fui visitá-la, mas cheguei depois da visita por causa de atraso do carro que nos levou. Mesmo assim o atendente me deixou vê-la, mas fui convencida sutilmente, por uma enfermeira a deixar a visita para segunda feira, uma vez que era o dia da reunião e ainda era muito cedo, já que agora era que eles estavam conhecendo o seu problema e que a minha visita poderia interromper o tratamento. Deixei uma bolsa com várias peças de roupas, maçãs, e voltei chorando, mas nunca me passou pela mente que ela corria risco de morrer.
Cheguei na segunda feira às 11h. Dirigi-me a assistente Social, me identifiquei ao que me respondeu que esperasse à hora da visita oficial às 13,30h. Quando fui entrar no pátio de visitas, ao mencionar o nome da paciente fui barrada e levada de volta para a sala da assistente Social onde gritei, rolei pelo chão, não sabia mais o que fazer. Minha única filha estava sem vida com apenas 18 anos. 04/12/2006
Quando consegui o prontuário vi que o médico não só prescreveu haldol, como em doses altíssimas [10mlde haloperidol;300ml de amplictil,4ml de biperideno além de Daonil. Só Daonil não era injetável. Cheguei à triste conclusão. Os medicamentos eram injetáveis porque ela não aceitava tomar haldol pois tinha plena consciência do mal que lhe causava. E lá eles são obrigados a tomar os medicamentos que é para manter a ordem. Se quiserem explicações de como lá funciona entrem em contato com Cassiane Cominiti Abreu Graduada em serviço sicial na UFES Cassiane abreu< cassiufes@yahoo.com.br>
Integralidade e intersetorialidade em álcool e drogas: a relidade dos municípios capixabas
Voltei a clínca no dia 08/12/2006 para mais esclarecimento. O diretor Agostinho Sergio Fava Leite nos disse que ele soube que ela havia caído.já que eu havia constatado um grande hematoma em sua cabeça da orelha para cima no lado direito no dia do seu falecimento e meu sobrinho, no dia do velório, constatou hematomas na parte inferior do braço e na costela do mesmo lado. No dia 08 me acompanhavam: Alcinéia o advogado Dr. Ernesto e o motorista Gilcemar que presenciou uma senhora conversando comigo no pátio a qual me disse que era quem dava banho em minha filha,que lavava suas roupas e que lhe deixara muitas recordações. Fiquei mais uma vez surpresa Ana Carolina era totalmente independente.
No prontuário consta que ela estava em estado de prostração e que nos dia 02e03/12/2006 o clinico geral Dr. Sergio Serafim Costalonga passou a ministrar-lhe 40g de buscopan+40g de elixir paregórico, pois ela estava com diarréia em grande quantidade.
Denunciei ao MP por orientação do Médico que lhe acompanhava a cerca de 3 anos mais ou menos, ao CRM e a Comissão de Direitos Humanos do Estado do ES.
A investigações da Polícia Civil, na minha opinião muito deficiente. O primeiro delegado não deu conta do inquérito. O segundo chegou a me dizer que estava confiante que iríamos a júri mais foi transferido. O terceiro já concluiu dizendo que: não encontrou fundamento suficiente para indiciamento dizendo que eu sublimasse a minha dor de outra forma, que tinha mais coisas para fazer e desligou o telefone, já que eu insistia na intimação de mais pessoas para serem ouvidas, uma investigação mais apurada dos fatos e acareação entre o Dr. Clínico Dr. Agostinho Fava Leite, o Médico responsável Dr. Silvio Romero de Sousa França e Maria das Mercês dos Santos a serviçal que mudou todo o seu depoimento, o Dr. Ernesto advogado que conversou em particular com o Dr. e achou que eu não deveria representar contra a clínica.
Suspeitas: Hipoglicemia, overdose medicamentosa, além da alergia ao haldol, tombo,
Enfraquecimento, já que ela não se alimentava o que é de se estranhar para uma pessoa que não dispensava uma refeição, se quer. E que tínhamos que ficar de olho já que ela estava acima do peso normal. Mais um motivo para que ele tomasse mais cuidado, embora ela era muito ativa, inteligente, não sentia nem mesmo dor de cabeça, o que era raro.
Enfermeira mata seis pacientes para reduzir seu tempo de trabalho em hospital
Compartilhe:
Um enfermeira admitiu ter matada seis de seus pacientes para reduzir sem tempo de trabalho em um hospital.
Vera Maresova, de 50 anos, foi apelidade de “Enfermeira da Morte” após assassinar seis pacientes em um intervalo de quatro anos no hospital que trabalha, localizado na pequena cidade de Rumburk, na República Checa. Ela dava doses mortais de potássio às suas vítimas, sendo cinco mulheres e um homem.
Os crimes ocorreram entre 2010 e 2014.
Todas as vítimas eram idosas e precisavam de tratamento intensivo. Vera era responsável por cuidar delas, mas resolveu mata-las para reduzir a carga horária no emprego.
A mulher deve passar o resto da vida na prisão.
Fonte: Metro
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Vera Maresova, de 50 anos, foi apelidade de “Enfermeira da Morte” após assassinar seis pacientes em um intervalo de quatro anos no hospital que trabalha, localizado na pequena cidade de Rumburk, na República Checa. Ela dava doses mortais de potássio às suas vítimas, sendo cinco mulheres e um homem.
Os crimes ocorreram entre 2010 e 2014.
Todas as vítimas eram idosas e precisavam de tratamento intensivo. Vera era responsável por cuidar delas, mas resolveu mata-las para reduzir a carga horária no emprego.
A mulher deve passar o resto da vida na prisão.
Fonte: Metro
quarta-feira, março 4
Drogas psiquiátricas:
Um assalto à Condição Humana
Entrevista do
The Street Spirit com Robert Whitaker
Entrevistado por Terry Messman
O repórter investigativo
Robert Whitaker, autor do impressionante livro MAD IN AMERICA, atualmente
está engajado em uma fascinante linha de pesquisa: de que forma a gigantesca
indústria de remédios psiquiátricos está colocando em risco a população
americana ao encobrir os casos não relatados de sofrimento, angústia e
enfermidade originados pelos medicamentos antidepressivos, amplamente
prescritos, e os anti-psicóticos.
Whitaker expõe as massivas
mentiras e encobrimentos que corromperam os processos de revisão de drogas que
são realizados pelo FDA nos Estados Unidos, mostrando como são co-optados os
testes de pesquisas com a finalidade de distorcer os resultados desses testes
com esses medicamentos. Dessa forma escondem os sérios perigos, mesmo os efeitos
colaterais mortais, de produtos com nomes conhecidos como Prozac®, Zoloft®,
Aropax® e Zyprexa®.
A história se torna até mais
assustadora quando nós olhamos para as táticas agressivas que estas poderosas
companhias costumavam silenciar seus críticos proeminentes, difamando-os na
imprensa, e usando seu dinheiro e poder para dispensar cientistas amplamente
respeitados e eminentes pesquisadores médicos se ousarem assinalar os perigos e
os riscos de suicídio e morte prematura causados por tais drogas.
Whitaker começa
desconstruindo a exagerada eficiência dessas drogas amplamente divulgadas como
medicamentos maravilhosos - antidepressivos como Prozac®, Zoloft® e Aropax®, e
as novas drogas anti-psicóticas atípicas como o Zyprexa®. Sua pesquisa mostra
como eles de um modo geral são escassamente mais efetivos do que placebos no
tratamento de desordens mentais e depressão, apesar da ampla adulação que eles
recebem na mídia popular.
Porém ele prossegue fazendo
mais declarações surpreendentes: estas novas drogas psiquiátricas contribuem
diretamente para uma alarmante nova epidemia de doenças mentais induzidas por
drogas. Medicamentos popularmente prescritos pelos médicos para estabilizar
desordens mentais de fato estão induzindo mudanças patológicas na química
cerebral e levando ao suicídio, a episódios maníacos e psicóticos, convulsões,
violência, diabetes, falência pancreática, doenças metabólicas, e morte
prematura.
Whitaker originalmente era
repórter médico de grande reputação do
Albany Times Union
e também atuava para Boston Globe. Uma série que ele co-escreveu para o Boston
Globe sobre os perigos da pesquisa em psiquiatria lhe deixou finalista ao Prêmio
Pulitzer em 1998. Quando ele começou a sua pesquisa investigativa em temas
psiquiátricos, Whitaker ainda era um partidário da história sobre o progresso
que a psiquiatria vinha informando ao público nas últimas décadas.
Ele disse, "eu absolutamente
acreditava no senso comum de que estas drogas anti-psicóticas realmente
melhoraram as coisas e que elas revolucionaram totalmente a forma como nós
tratamos a esquizofrenia. As pessoas costumavam ser presas, afastados de suas
casas para sempre, e agora talvez as coisas não sejam as ideais, mas seriam
muito melhores. Era uma história de progresso."
Tal história de progresso
era fraudulenta, como Whitaker logo descobriu quando ele adquiriu novos insights
a partir de suas pesquisas de práticas psiquiátricas de tortura como
eletro-choque, lobotomia, coma por insulina, e drogas neurolépticas. Os
psiquiatras informaram ao público que essas técnicas curavam psicose ao
equilibrar a química do cérebro.
Mas, na realidade, a linha
comum em todos estes diversos tratamentos foi a tentativa de suprimir a "doença
mental" ao prejudicar deliberadamente as funções mais elevadas do cérebro. A
atordoante verdade é essa, atrás de portas fechadas, o próprio stablishment
psiquiátrico etiquetou estes tratamentos como "terapêutica prejudicial ao
cérebro."
A primeira geração de drogas
anti-psicóticas criaram uma patologia droga-induzida no cérebro ao bloquear um
neurotransmissor, a dopamina, em essência obstruindo muitas funções cerebrais
elevadas. De fato, quando os anti-psicóticos como a clorpromazina e o
haloperidol foram inicialmente introduzidos, os próprios psiquiatras disseram
que estas drogas neurolépticas eram virtualmente indistinguíveis de uma
lobotomia química.
Em anos recentes, a mídia
tem alardeado a chegada de medicamentos de design especial como Prozac®, Aropax®
e Zyprexa®, que deverão ser superiores e ter menos efeitos colaterais que os
antigos antidepressivos tricíclicos e os primeiros anti-psicóticos. Os milhões
de americanos que acreditaram nesta história têm enriquecido companhias
farmacêuticas como a Eli Lilly ao gastar bilhões de dólares anualmente comprando
estes novos medicamentos.
A pesquisa do Whitaker nos
casos trágicos de doença, sofrimento e as primeiras mortes causadas por tais
drogas mostram que esses milhões de consumidores foram enganados por uma
gigantesca campanha de mentiras, distorções, e pesquisas de remédios forjadas.
Eminentes pesquisadores médicos que tentaram nos advertir dos perigos destas
drogas foram silenciados, intimidados e difamados. Nesse processo, o FDA se
tornou um cão de estimação para a poderosa indústria farmacêutica, e não um cão
de guarda para a população.
Tha street spirit
entrevistou Robert Whitaker sobre esta nova "epidemia" de desordens mentais, e
como as companhias farmacêuticas lucraram ao venderem drogas que nos tornam mais
enfermos.
A entrevista:
Street Spirit:
Sua nova linha de pesquisa indica que existe um enorme aumento na incidência de
doença mental nos Estados Unidos, apesar dos aparentes avanços na nova geração
das drogas psiquiátricas. Por que você se refere a este aumento como uma
epidemia?
Robert Whitaker:
Até mesmo pessoas como o psiquiatra E. Fuller Torrey, que escreveu isso
recentemente em um livro, podem dizer que parece que nós estamos tendo uma
epidemia de doença mental. Quando o Instituto Nacional de Saúde Mental publica
seus gráficos sobre a incidência de doença mental, você vê estes crescentes
números de pessoas mentalmente enfermas. Alguns relatórios recentes dizem que
quase 20 por cento dos americanos estão mentalmente doentes na atualidade.
Então o que eu quis fazer foi em dobro. Eu quis examinar
exatamente o quão dramático é este aumento na doença mental, e principalmente na
doença mental severa. Parte desta subida no número das pessoas ditas serem
mentalmente doentes é apenas por redefinição. Atualmente nós concebemos um
espectro muito grande onde lançamos todos os tipos de pessoas naquelas
categorias de doença mental. Então, crianças que não ficam sentadas um tempo
suficiente nas suas salas de aula parecem ter o Distúrbio de Déficit de Atenção
e Hiperatividade (DDAH), além de nós criarmos uma nova enfermidade chamada de
Distúrbio de Ansiedade Social.
SS:
Então o que costumava ser chamada simplesmente de timidez ou ansiedade no
relativo às pessoas, está agora sendo etiquetado como uma desordem mental, e
você supostamente necessitará de um antidepressivo como a paroxetina para um tal
de distúrbio de ansiedade social.
RW:
Exatamente. Ou você precisa de um estimulante como Ritalina® para DDHA.
SS:
Isso aumenta os clientes em psiquiatria, como também não aumenta o número de
pessoas para as quais essas gigantescas companhias farmacêuticas podem vender
suas drogas psiquiátricas?
RW:
Evidente. Então parte do que nós estamos vendo é nada mais do que a criação de
um mercado maior para tais medicamentos. Se você pensar sobre isto, uma vez que
nós desenhamos um círculo tão grande quanto possível, ao expandir os limites da
doença mental, a psiquiatria pode ter mais clientes e vender mais drogas. Então
existe um incentivo econômico intrínseco para que se defina doença mental nas
mais amplas perspectivas possíveis, e dessa formar transformar situações
ordinárias, emoções estressantes ou comportamentos que algumas pessoas podem não
gostar, tudo isso poderia ser rotulado como doença mental.
SS:
Sua pesquisa também mostra que existe um aumento real nas pessoas que têm uma
desordem mental severa. Agora, embora isso possa parecer contraditório, mas na
verdade você acredita que muito deste aumento seria causado pelo excesso de uso
de algumas dessas novas gerações de drogas psiquiátricas?
RW:
Sim, exatamente. Eu examinei ao número daqueles classificados como doentes
mentais severamente inválidos -- pessoas que não estão trabalhando, ou que são
de alguma maneira disfuncional por causa da doença mental. Então eu tentei
classificar ao longo da história a porcentagem da população que é considerada
como um doente mental incapacitado.
Então, em 1903, nós vemos que aproximadamente 1 de cada 500
pessoas nos Estados Unidos era hospitalizada por doença mental. Em 1955, no
começo da era moderna das drogas psiquiátricas, aproximadamente uma de cada 300
pessoas era inválida por doença mental. Mais tarde, vamos para 1987, o final da
primeira geração de drogas anti-psicóticas; e de 1987 adiante nós alcançamos as
drogas psiquiátricas modernas. De 1955 até 1987, durante esta primeira era de
drogas psiquiátricas -- as drogas anti-psicóticas Amplictil® e Haldol® e os
antidepressivos tricíclicos (como Tryptanol® e Anafranil®) -- nós verificamos
que o número de doentes mentais incapacitados aumentar em quatro vezes, chegando
ao ponto onde aproximadamente uma de cada 75 pessoas serem julgadas como
inválidas por doença mental.
Pois bem, ocorreu uma mudança na forma como nós cuidamos do
doente mental entre 1955 e 1987. Em 1955, nós os estávamos hospitalizando.
Porém, em 1987, nós passamos por uma mudança social, e a partir daí nós
estávamos colocando essas pessoas em abrigos, casas de apoio, ou outro tipo de
cuidado comunitário, além de dar a eles pagamentos da seguridade social (SSI/SSDI
payments) por inaptidão mental. Em 1987, nós começamos a utilizar os
supostamente melhores, medicamentos psiquiátricos de segunda geração como o
Prozac® e os demais antidepressivos ISRS – inibidores seletivos de recaptação de
serotonina. Logo em seguida, nós recebemos essas novas drogas, os
anti-psicóticos atípicos como Zyprexa® (olanzapine), Leponex® e Risperidal®.
O que tem acontecido desde 1987? Bem, a taxa de inaptidão
continuou a aumentar até chegar aos atuais: um para cada 50 americanos. Reflita
sobre isto: um de cada 50 americanos é inválido por doença mental na atualidade.
E isso ainda está num crescente. O número das pessoas mentalmente inválidas nos
Estados Unidos tem aumentado na taxa de 150.000 pessoas por ano desde 1987. Isto
é um aumento diário, ao longo dos últimos 17 anos, de 410 pessoas por dia
ficando incapacitada por doença mental.
SS:
Isso nos leva a pergunta óbvia. Se psiquiatria introduziu estas drogas tidas
como maravilhosas como Prozac® e Zoloft® e Zyprexa®, porque a incidência da
doença mental está subindo dramaticamente?
RW:
Essa é a questão. Isto é uma pergunta científica. Nós temos uma forma de
atendimento onde nós estamos usando estas drogas de um modo cada vez mais
inclusivo, como supostamente nós temos medicamentos melhores e eles são a base
dos nossos tratamentos, conseqüentemente nós deveríamos ver taxas de inaptidão
decrescente. Esse seria o cenário esperado.
Mas ao contrário, de 1987 até o presente, nós vimos um
aumento no número das pessoas mentalmente inválidas que passou de 3.3 milhões de
indivíduos até os atuais 5.7 milhões nos Estados Unidos. Nesse período, nossos
gastos com drogas psiquiátricas aumentaram a um nível surpreendente. Os gastos
combinados com medicamentos antidepressivos e anti-psicóticos saltaram de algo
ao redor de US$500 milhões em 1986 para quase US$20 bilhões em 2004. Por
isso nós levantamos a questão: seria o uso dessas drogas que realmente, de algum
modo, alavancou este aumento no número de doentes mentais?
Quando você examina a literatura de pesquisa, você encontra
um padrão claro nos resultados com todos esses remédios - você vê isto com os
anti-psicóticos, os antidepressivos, as drogas anti-ansiedade e os estimulantes
como Ritalina® usada para tratar ADHD. Todas estas drogas podem restringir um
sintoma alvo de forma ligeiramente mais eficaz do que um placebo o faz, por um
período pequeno de tempo, digamos seis semanas. Um antidepressivo pode melhorar
os sintomas de depressão melhor do que um placebo por um curto prazo.
Você verifica com qualquer classe dessas drogas psiquiátricas
uma agravação do sintoma alvo de uma depressão ou psicose ou ansiedade a longo
prazo, em comparação aos pacientes tratados com placebo. Então, mesmo nos
sintomas alvo, existem maior cronicidade e severidade nos sintomas. E você vê
uma porcentagem bastante significativa de pacientes onde sintomas psiquiátricos
novos e mais severos são ativados pela própria droga.
SS:
Novos sintomas psiquiátricos são criados pelas inúmeras drogas que as pessoas
utilizam pois foram informadas que lhes ajudaria a recuperação?
RW:
Exato. O caso mais óbvio é com os antidepressivos. Uma porcentagem das pessoas
colocadas sob uso de ISRSs, porque eles têm algum grau de depressão
sofrerá ou um ataque maníaco ou psicótico – induzido por drogas. Isto está bem
reconhecido. Então agora, em vez de só lidar com depressão, eles estão lidando
com mania ou sintomas psicóticos. E uma vez que eles apresentem um episódio
maníaco induzido por drogas, o que acontece? Eles vão para um quarto de
emergência, e naquele momento eles estarão sendo novamente diagnosticados. A
partir de então serão informados de serem bipolares e lhes será adicionado um
anti-psicótico ao uso do antidepressivo; E, naquele momento, eles estão movendo
ladeira abaixo para uma incapacidade crônica.
SS:
A moderna psiquiatria reivindica que esses medicamentos psicoativos corrigem uma
química cerebral patológica. Existe alguma evidência que suporte essa apologia
de que uma química cerebral anormal é a culpada pela esquizofrenia e depressão?
RW:
Isso é o aspecto chave que todo mundo precisa entender. Realmente é a resposta
que destranca este mistério do porque as drogas teriam aquele efeito
problemático a longo prazo. Começamos pela esquizofrenia. Eles imaginaram que
tais drogas trabalham corrigindo um desequilíbrio de um neurotransmissor: a
dopamina no cérebro.
A teoria seria que as pessoas com esquizofrenia teriam
sistemas dopaminérgicos hiperativos; e esses medicamentos, ao bloquear a
dopamina no cérebro, consertariam tal desequilíbrio químico. Dessa forma, você
obtém a metáfora de que eles são como insulina é para a diabetes; eles estão
consertando uma anormalidade. Com os antidepressivos, a teoria seria de que as
pessoas com depressão teriam níveis muito baixos de serotonina; As drogas elevam
os níveis de serotonina no cérebro e dessa forma eles estão equilibrando essa
química no cérebro.
Em primeiro lugar, essas teorias nunca surgiram de
investigações sobre o que realmente estava acontecendo com as pessoas. Pelo
contrário, como eles descobriram que os anti-psicóticos bloqueavam a dopamina
eles teorizaram que tais indivíduos teriam um sistema dopaminérgico hiperativo.
O mesmo aconteceu com os antidepressivos. Eles verificaram que os
antidepressivos elevavam os níveis de serotonina; então, eles teorizaram que as
pessoas com depressão deveriam ter níveis baixos de serotonina.
Mas esse é o aspecto que eu desejaria que toda a América
precisa saber e desejaria que a psiquiatria devesse esclarecer: Eles nunca
puderam verificar que as pessoas com esquizofrenia teriam sistemas hiperativos
de dopamina. Eles nunca puderam constatar que as pessoas com depressão teriam um
sistema de serotonina hipoativo. Eles nunca provaram de forma consistente que
quaisquer dessas enfermidades são associadas com qualquer desequilíbrio de
substâncias químicas no cérebro. A história de que as pessoas com desordens
mentais têm reconhecidos desequilíbrios químicos - isto é uma mentira. Nós
definitivamente não sabemos. É algo dito apenas para ajudar vender tais drogas e
ajudar a vender o modelo biológico das desordens mentais.
Mas o ponto é esse. Nós sabemos, de fato, que estas drogas
perturbam a forma como estes mensageiros químicos trabalham no cérebro. O
paradigma real é: As pessoas diagnosticadas com desordens mentais não têm nenhum
problema conhecido em seus sistemas de neurotransmissores; e estas drogas
perturbam a função normal dos neurotransmissores.
SS:
Então em lugar de corrigir um desequilíbrio químico, esses medicamentos
infinitamente prescritos corrompem a química cerebral e a tornam enferma.
RW:
Com certeza. Stephen Hyman, um famoso neuro-cientista e antigo diretor do
Instituto Nacional de Saúde Mental (INSM), escreveu um artigo em 1996 que
avaliava como as drogas psiquiátricas afetam o cérebro. Ele escreveu que todas
estas drogas criam perturbações em funções dos neurotransmissores. E ele observa
que o cérebro, em resposta para esta droga externa, altera suas funções normais
e interpõe uma série de adaptações compensatórias.
Em outras palavras, tenta se adaptar para o fato que uma
droga anti-psicótica está bloqueando as funções normais da dopamina. Ou no caso
dos antidepressivos, tenta compensar o fato de que você está bloqueando a
re-captação da serotonina. A maneira como ele faz isso é se adaptar no sentido
oposto. Então, se você for bloquear a dopamina no cérebro, o cérebro tenta
liberar mais dopamina e realmente aumenta o número de receptores de dopamina.
Dessa forma uma pessoa colocada sob drogas anti-psicóticas acabam tendo um
número anormalmente alto de receptores de dopamina no cérebro.
Se você der a alguém um antidepressivo, e isso tenta manter
os níveis de serotonina muito elevados no cérebro, ele faz exatamente o oposto.
Ele cessa a produção da serotonina habitual e reduz o número de receptores de
serotonina no cérebro. Então alguém que está sob uso de antidepressivo, depois
de um tempo acaba com um nível anormalmente baixo de receptores de serotonina no
cérebro. Assim o que Hyman concluiu sobre isso: Depois que estas mudanças
aconteceram, o cérebro do paciente fica funcionando de um modo que é
"qualitativamente tanto quanto quantitativamente diferente do estado normal."
Então o que Stephen Hyman, antigo diretor do INSM, fez foi definir o presente
paradigma de como estas drogas afetam o cérebro mostrando que elas estão
induzindo a um estado patológico.
SS:
Então o paradoxo é que não existe nenhuma evidência que suporte ao conclame da
psiquiatria moderna de que existe algum desequilíbrio bioquímico patológico no
cérebro que causa doença mental, mas se você tratar pessoas com estas novas
drogas espetaculares, então você cria esses desequilíbrios patológicos?
RW:
Sim, estas drogas corrompem a química normal do cérebro. Temos então aqui o real
paradoxo! E a tragédia real é, que até que nós negociamos essas drogas como
equilibradores químicos, fixadores químicos, quando na verdade nós estamos
fazendo justamente o oposto. Nós estamos tomando um cérebro que não tem qualquer
desequilíbrio químico sabidamente anormal, e ao colocar essas pessoas sob
drogas, nós estamos instabilizando aquela química normal. Aqui é como Barry
Jacobs, um neuro-cientista de Princeton, descreve o que acontece com uma pessoa
que recebe um antidepressivo da família dos ISRSs. "Estas drogas," ele disse,
"alteram o nível da transmissão sináptica para fora de taxas fisiológicas
alcançadas sob condições biológicas ambientais normais. Deste modo, qualquer
mudança no comportamento ou fisiologia produzida sob essas condições deveria ser
apropriadamente considerada patológica ao invés de refletir o papel biológico
normal da serotonina."
SS:
Um dos antidepressivos ISRS que é amplamente creditado em ser uma droga
maravilhosa é o Prozac®. Porém sua pesquisa verificou que o FDA (Administração
de Alimentos e Medicamentos Federal dos EEUU) tem recebido mais relatos de
efeitos co-laterais sobre o Prozac® do que qualquer outro medicamento. Qual tipo
de efeitos maléficos as pessoas estão relatando?
RW:
Em primeiro lugar, o Prozac® e os demais sucessores da mesma família ISRSs, tem
seu nível de eficácia sempre num caráter marginal. Em todos os testes clínicos
dos antidepressivos, aproximadamente 41 por cento dos pacientes melhoram num
curto prazo contra 31 por cento dos pacientes com placebo. Agora veja a
advertência disso! Se você usar um placebo ativo nestes testes - um placebo
ativo causa uma mudança fisiológica sem benefício, como uma boca seca - qualquer
diferença no resultado entre o antidepressivo e placebo virtualmente desaparece.
SS:
Os testes medicamentosos mais iniciais com o Prozac® foram tão pouco promissores
que eles tiveram que manipular os resultados dos testes para conseguir a
aprovação do FDA?
RW:
O que aconteceu com Prozac® é uma história fascinante. Desde o início, eles
notaram uma eficácia discretamente acima de um placebo; e eles observaram que
eles tiveram alguns problemas com suicídio. Existiriam aumentadas respostas
suicidas comparadas ao placebo. Em outras palavras, as drogas estavam agitando
as pessoas e tornando pessoas suicidas que não tinham potencial suicida prévio.
Eles estavam obtendo respostas maníacas em pessoas que não tinham sido maníacas
anteriormente. Eles estavam obtendo episódios psicóticos nas pessoas que não
tinham quadros psicóticos prévios. Então você estava vendo estes efeitos
colaterais muito problemáticos até ao mesmo tempo em que você estava observando
alguma eficácia muito modesta, se alguma, maior do que um placebo para melhorar
a depressão.
Basicamente, o que a Eli Lilly (Fabricante do Prozac®)
teve que fazer foi encobrir a psicose, encobrir a mania; e, dessa maneira, podia
conseguir obter a aprovação para essas drogas. Um revisor do FDA até advertiu
que o Prozac® parecia ser uma droga perigosa, mas seria aprovada de qualquer
maneira.
Nós aparentemente estamos sabendo de tudo isso somente agora:
"Oh, o Prozac® pode causar impulsos suicidas e todos esses ISRSs podem aumentar
o risco de suicídio." O ponto é: isso não era nada novo. Aqueles dados já
estavam documentados desde os primeiros ensaios. Você teve pessoas na Alemanha
dizendo, "eu penso que esa é uma droga perigosa."
SS:
Mesmo voltando ao final dos anos 1980, eles já eram conhecidos?
RW:
Antes do final dos anos 1980 - no início dos anos 80, antes do Prozac® ser
aprovado. Basicamente o que a Eli Lilly teve que fazer foi encobrir os riscos de
mania e psicose, ocultar que algumas pessoas estavam ficando suicidas porque
eles estavam ficando com esta agitação nervosa do Prozac®. Essa foi a única
maneira para obter aprovação.
Existiriam várias maneiras que eles utilizaram para esse
encobrimento. Uma seria simplesmente remover os relatos de psicose da base de
dados. Eles também voltaram e recodificaram alguns dos resultados dos ensaios.
Vamos dizer que alguém teve um episódio maníaco ou um episódio psicótico; em vez
de assinalar isto, eles só apontariam para um retorno da depressão, ou coisa
parecida. Então existia uma necessidade básica em esconder estes riscos desde o
início, e isso foi feito.
Então o Prozac® é aprovado em 1987, e é lançado em uma
campanha de marketing surpreendente. A pílula propriamente foi apresentada na
capa de várias revistas! É como a Pílula do Ano [risos]. E ele parece ser muito
mais seguro: um remédio dos sonhos. Nós temos médicos dizendo, "Oh, o problema
real com esta droga é que nós podemos agora criar qualquer personalidade que nós
desejamos. Nós ficamos tão qualificados com essas drogas que se você quiser ter
muito prazer o tempo todo, tome sua pílula!"
Isso era uma tolice completa. As drogas eram apenas
fracamente melhores do que placebos no alivio de sintomas depressivos no curto
prazo. Você teve todos estes problemas; e nós ainda estávamos elogiando em
demasia estas drogas, dizendo: "Oh, os poderes da psiquiatria são tais que nós
podemos dar a você a mente que você quer – projetamos uma personalidade!" Era
absolutamente obsceno. Entretanto, qual foi o medicamento, que depois de ser
lançado, que mais rapidamente se transformou na droga com mais reclamações nos
Estados Unidos? O Prozac®!
SS:
Qual foi o índice de reclamações quando o Prozac® chegou ao mercado?
RW:
Nesta aferição, nós temos o Medwatch, um sistema de relato onde
nós reportamos eventos adversos das drogas psiquiátricas ao FDA. A propósito, o
FDA tenta manter estes relatórios negativos distantes do público. Então, em vez
do FDA manter esses dados facilmente disponíveis para o público, para que você
possa conhecer os riscos de tais medicamentos, é muito duro chegar a estes
relatórios.
Dentro de uma década, existiram 39.000 relatos adversos sobre
o Prozac® que foi enviado para o Medwatch. Acredita-se que o número de
eventos adversos enviados ao Medwatch represente só um por cento do número real
de tais eventos. Então, se nós conseguirmos 39.000 relatos de evento adversos
sobre o Prozac®, o número de pessoas que realmente sofreram tais problemas é
estimado ser 100 vezes maiores, ou aproximadamente quatro milhões das pessoas!
Isso faz do Prozac® o medicamento mais reclamado da América, sem dúvida.
Existiram mais relatos de eventos adversos recebidos sobre o Prozac® em seus
primeiros dois anos de mercado do que tinha sido reportado ao principal
antidepressivo tricíclico em 20 anos!
Lembre, o Prozac® foi lançado ao público Americano como uma
droga maravilhosamente segura, e sobre o que as pessoas estão reclamando? Mania,
depressão, psicose, nervosismo, ansiedade, agitação, hostilidade, alucinações,
perda de memória, tremores, impotência, convulsões, insônia, náusea, impulsos
suicidas. É uma grande variedade de sintomas graves.
E aqui temos o surpreendente. Não foi apenas o Prozac. Uma
vez que nós tivemos os demais ISRSs no mercado, como o Zoloft® e Aropax®, em
1994, quatro antidepressivos dessa família estavam entre os 20 “tops” de
reclamação entre as medicações da lista do Medwatch do FDA. Em outras palavras,
todas destas drogas trazidas para comercialização começaram a ativar esta
amplitude de eventos adversos. E esses não eram eventos menores. Quando você
fala a respeito de mania, alucinações e depressão psicótica estamos falando de
eventos adversos graves.
Prozac® foi lançado para o público americano como uma droga
maravilhosa. Foi apresentado nas capas de revistas como tão seguras, e como um
sinal de nossa habilidade maravilhosa de induzir o cérebro da forma como nós
desejássemos. Na verdade, os relatórios estavam mostrando que nós poderíamos
ativar muitos eventos perigosos, inclusive o suicídio e a psicose.
O FDA estava sendo advertido sobre isto. Eles estavam
recebendo uma inundação de relatórios de eventos adversos, e o público nunca foi
informado sobre isso para um longo período de tempo. Levou uma década para que o
FDA começasse a reconhecer o aumento de suicídios e de violência que pode ser
ativados em algumas pessoas. Isso só mostra como o FDA traiu o povo americano.
Isto é um exemplo clássico. Eles traíram sua responsabilidade em agir como um
cão de guarda para o povo americano. Pelo contrário eles agiram como uma agência
de encobrimento dos danos e riscos dessas drogas.
SS:
Levando em conta o fracasso do FDA para nos advertir sobre Prozac®, qual foi sua
recente negligência no assunto do risco de suicídio com os antidepressivos para
crianças tratadas com remédios como o Aropax®? Não seriam os oficiais de saúde
mental da Inglaterra muito melhores que seus colegas americanos no FDA na
advertência sobre os perigos de tentativas de suicídio quando esses
antidepressivos foram administrados aos adolescentes?
RW:
Sim. A história das crianças é incrivelmente trágica. Também é uma história
realmente sórdida. Vamos voltar um pouco para ver o que aconteceu às crianças
sob antidepressivos. O Prozac® chegou ao comércio em 1987. No início dos anos
90, as companhias farmacêuticas que fabricavam estas drogas estão dizendo, "O
que podemos fazer para expandir o mercado para os antidepressivos?" Porque é
isso que as companhias farmacêuticas fazem - elas querem chegar a um número
sempre maior de indivíduos. Eles viram que eles tiveram um mercado em aberto com
as crianças. Então vamos começar a vender essas drogas para crianças. E eles
foram bem sucedidos. Desde 1990, o uso de antidepressivos em crianças subiu em
torno de sete vezes. Eles começaram a prescrever por bem ou por mal.
Atualmente, sempre que eles fazem testes pediátricos com os
antidepressivos, eles verificam que tais drogas não são mais efetivas nos
sintomas objetivos da depressão do que o placebo. Isso aconteceu repetidamente
nos testes pediátricos com essas drogas antidepressivos. Então, o que isso
informa é que não existe nenhuma razão terapêutica real para o emprego dessas
drogas nesta população de crianças, porque as drogas nem mesmo os reduzem os
sintomas alvo por um curto prazo de forma melhor do que o placebo; e além do
mais eles estavam causando todos os tipos de eventos adversos.
Por exemplo, em uma pesquisa, 75 por cento das crianças
tratadas com antidepressivos sofreram algum evento adverso de qualquer espécie.
Em um estudo pela Universidade de Pittsburgh, 23 % das crianças tratadas com um
ISRS desenvolveu mania ou sintomas tipo maníaco; um adicional de 19 %
desenvolveu hostilidade droga-induzida. Os resultados clínicos estavam lhe
informando que você não conseguiu qualquer benefício na depressão; e você podia
criar todos os tipos de problemas reais nas crianças - mania, hostilidade,
psicose, e você pode até induzir suicídio. Em outras palavras, não use estas
drogas, correto? Isso foi totalmente encoberto.
SS:
Como foi ocultado?
RW:
Nós tivemos psiquiatras - alguns desses obviamente receberam dinheiro das
companhias medicamentosas - dizendo que as crianças estão sub-tratadas e eles
estão em risco de suicídio e como nós poderíamos possivelmente tratar as
crianças sem essas pílulas e que tragédia seria se nós não pudéssemos usar estes
antidepressivos.
Finalmente, um pesquisador proeminente na Inglaterra, David
Healy, começou a fazer sua própria pesquisa na habilidade destas drogas em
promover suicídio. Ele também conseguiu conseguir acesso a alguns dos resultados
de pesquisas e ele “soou o alarme”. Ele primeiro soou esse alarme na Inglaterra
e ele apresentou esses dados em revisões por lá mesmo. E eles verificaram que
aparentemente essas drogas estão aumentando o risco de suicídio e não existe
realmente nenhum sinal de benefícios nos sintomas objetivos de depressão. Então
eles começaram a se mobilizar por lá para advertir os médicos a não prescrever
tais drogas para a juventude.
O que acontece nos Estados Unidos? Bem, foi só depois de
existir muita pressão colocada sobre o FDA que eles captaram a mensagem. O FDA
reclassificou o risco dessas drogas. Eles foram lentos até mesmo para por
advertências, faixas pretas, nas caixas desses produtos. Por quê? As vidas das
crianças não são um bem a ser protegido? Se nós sabemos que temos demonstrações
científicas dos riscos que esses remédios apresentam ao aumentar suicídio, não
deveríamos ao menos publicar uma advertência sobre isso? Mas o FDA foi
negligente até mesmo para colocar essa advertência nas embalagens desses
produtos.
SS:
Se o Prozac® é o remédio mais reclamado do país, se o Aropax® foi demonstrado
ser um risco de suicídio para a juventude, como foi que esses antidepressivos
continuaram a ter uma reputação tão mágica de curas para a depressão? E por que
o FDA falhou em nos advertir sobre Aropax® e Prozac® para tanto tempo?
RW:
Existem algumas razões para isto. Os fundos do FDA se modificaram em 1990. Um
decreto permitiu que muito dos fundos do FDA viessem das indústrias
farmacêuticas: o decreto PDUFA (Prescription Drug User Fee Act
– Decreto de Taxa de Usuário para Drogas de Prescrição). Basicamente, quando as
companhias farmacêuticas solicitavam aprovação ao FDA eles teriam que pagar uma
taxa. Esses honorários se tornariam grande parte dos recursos das revisões do
FDA sobre as aplicações dos medicamentos.
No final de contas, de repente, os recursos começaram a vir
da indústria farmacêutica; não vinha mais do povo. Como esse decreto surgiu para
renovação, basicamente os lobistas das fábricas de medicamentos estão dizendo
que o trabalho do FDA não seria uma análise crítica das drogas, mas sim aprovar
rapidamente essas drogas. E isso foi parte do pensamento de Newt Gingrich: seu
trabalho era obter drogas para comercializar. Comece a ser parceiro da indústria
farmacêutica e facilitar o desenvolvimento de medicamentos. Nós perdemos a idéia
de que o FDA teria um papel de cão de guarda.
Também, de um modo humano, muitas pessoas que trabalham para
o FDA abandonam para acabar indo para trabalhar para as companhias de
medicamentos. A piada velha é que o FDA é um tipo de vitrina para um futuro
emprego na indústria farmacêutica. Você vai lá, você trabalha por algum tempo,
então você sai para a indústria de remédios. Bem, se esse é a progressão que as
pessoas fazem, em essência eles estão fazendo uma rede de relações de bons
meninos, para tanto eles não vão ser tão severos com as companhias
farmacêuticas. Então, é isso que realmente aconteceu nos anos 1990. O FDA
receberia novas ordens de marcha. As ordens eram: "Facilite a obtenção de
medicamentos para o mercado. Não seja muito crítico. E, de fato, se você quiser
manter seus recursos financeiros, que a partir de então estavam vindo da
indústria farmacêutica, tenha certeza que você entendeu essas lições de
sobrevivência."
SS:
Então as gigantes companhias farmacêuticas têm um enorme poder de cozinhar os
resultados dos testes das drogas, fazendo os pesquisadores e até o próprio FDA a
se curvar para a sua vontade?
RW:
O FDA, em essência, foi submetido no início dos anos 90, e nós realmente vimos
isto com as drogas psiquiátricas. O FDA se tornou um cão de colo para a
indústria farmacêutica, e não um cão de guarda.
É só agora isto se tornou de conhecimento público. Nós temos
Marcia Angel(*), uma antiga editora do New England Journal of Medicine,
escreva um livro em que ela diz que o FDA se tornou um cão de companhia. Agora
está basicamente bem documentado esse declínio. Como editora do New England
Journal of Medicine, o o mais prestigioso jornal médico que nós temos,
Marcia Angell é alguém que estava bem no coração da Medicina Americana, e ela
concluiu que o FDA desaponta as pessoas americanas. E ela perdeu seu emprego no
New England Journal of Medicine ao começar a criticar as companhias
farmacêuticas.
Ela era a editora do jornal no final dos anos 1990 e havia um
médico correspondente chamado Thomas Bodenheimer que decidiu escrever um artigo
sobre como você não podia nem confiar no que era publicada nos jornais médicos
por causa de toda a manipulação de resultados.
Então eles fizeram uma investigação sobre como as companhias
farmacêuticas financiavam todas as pesquisas e manipulavam os resultados dos
ensaios científicos, então você não poderia realmente ter confiança no que você
lê nesse tipo de publicação. Eles assinalaram que quando eles tentaram conseguir
um perito para revisar a literatura científica relacionada aos antidepressivos,
eles basicamente não conseguiram encontrar alguém que não tivesse recebido algum
dinheiro das companhias farmacêuticas.
Agora, o New England Journal of Medicine é publicado
pela Sociedade Médica de Massachusetts que publica muitos outros jornais, e eles
têm muita publicidade farmacêutica. Então o que acontece depois que aquele
artigo ser publicado por Thomas Bodenheimer e um editorial acompanhado de Marcia
Angell sobre o estado deplorável da medicina americana a respeito disto? Ambos
perdem seus empregos! Ela foi demitida e o mesmo aconteceu com Thomas
Bodenheimer. Pense sobre isso. Nós temos o principal jornal médico demitindo
pessoas, deixando-os partir, porque eles ousaram criticar uma ciência desonesta
e o processo desonesto que estava envenenando a literatura científica.
Então nós temos o FDA que está agindo como cães de companhia.
Você não pode confiar na literatura científica. Tudo isso mostra como o público
americano foi traído e não sabia sobre todos os problemas com estas drogas e por
que foi ocultado deles. Isso tem a ver com dinheiro, prestígio e redes de velhos
“bons meninos”.
SS:
Isso também a ver com o silenciamento dos críticos. A Eli Lilly usa a mídia para
alardear benefícios do Prozac® e dar vantagens para médicos que freqüentam
conferências para ouvir sobre seus benefícios, e suborna pesquisadores. Mas eles
também não usam seu poder e dinheiro para silenciar seus críticos?
RW:
Um exemplo é Dr. Joseph Glenmullen, um psiquiatra que também trabalha para o
Serviço de Saúde da Universidade de Harvard, e que escreveu um livro chamado
Prozac Backlash (O Jogo Prozac) que advertia sobre os perigos do
Prozac®. Ele entende que essas drogas estão sendo abusadas e que causam efeitos
colaterais severos. Ele até levanta questões sobre os problemas de memória a
longo prazo com as drogas e deficiência orgânica cognitiva. Bem, a Eli Lilly
construiu uma campanha de marketing para tentar desacreditá-lo. Eles divulgaram
notícias para a mídia questionando sua afiliação com a Escola Médica de Harvard,
etc. Fazem tudo para silenciar os críticos.
Se você cantar a melodia que as companhias de droga querem,
aos mais elevados níveis, você é pago com muito dinheiro para voar pelo mundo e
dar apresentações sobre as maravilhas dessas drogas. E aqueles que vêm, e não
fazem quaisquer perguntas embaraçosas, conseguem jantares de lagosta e talvez
eles obtenham honorários para freqüentar essa reunião educacional. Então se você
quiser ser parte dessas vantagens, você pode. Você canta as maravilhas dessa
droga, e você não fala sobre seus efeitos colaterais sórdidos, e você pode
conseguir um generoso pagamento como um de seus locutores convidados, ou como um
de seus peritos.
Mas se você for um daqueles que estão dizendo: "E a respeito
da mania, que tal a psicose?" - Eles silenciam você. Olhe para o que aconteceu
para David Healy. Healy é até o melhor exemplo. David Healy tem esta reputação
de extrema qualidade na Inglaterra. Ele é o escritor de vários livros na
história da psicofarmacologia. Ele é como um antigo Secretário da Associação de
Psicofarmacologia de lá. Ele recebeu uma oferta de trabalho na Universidade de
Toronto para encabeçar seu departamento de psiquiatria. Então enquanto ele está
esperando assumir aquela posição na Universidade de Toronto, ele vai para
Toronto e preparou uma conferência sobre o risco elevado de suicídio com Prozac®
e alguns outros ISRSs. Quando ele volta para casa, a oferta de trabalho foi
rescindida.
Agora Eli Lilly doa algum dinheiro para a Universidade de
Toronto? Absolutamente. Então, respondendo sua pergunta, sim, a Eli Lilly
silencia seus dissidentes também.
SS:
Qual é a história por detrás do pagamento secreto entre Eli Lilly e os
sobreviventes que processaram a companhia depois que Joseph Wesbecker atirou em
20 colegas de trabalho após ser colocado sob uso de Prozac®?
RW:
Durante esse julgamento em que a Eli Lilly estava sendo processada, o juiz iria
permitir a demonstração de evidências muito prejudiciais contra a Eli Lilly. O
juiz disse, "Vá em frente e apresente isso no julgamento." Mas a próxima coisa
você já sabe, eles não apresentaram essas evidências; e de fato, de repente, os
demandantes não mais estão apresentando as evidências mais significativas para
continuarem seu julgamento. Então o juiz pergunta-se por que eles não estão
apresentando seu melhor testemunho. Isso cheira a sujeira. Ele suspeita que a
Eli Lilly pagou aos demandantes secretamente e parte do negócio era isso, os
demandantes irão em frente com uma tentativa de fingimento de forma que a Eli
Lilly ganhará o litígio. Então a Eli Lilly pôde conclamar, "Veja: nossa droga
não faz as pessoas ficarem violentas."
E, realmente, foi isso que aconteceu. A Eli Lilly sentiu que
iria perder esse julgamento. Eles foram aos demandantes e disseram que lhes
dariam muito dinheiro. Eles concordaram em ir em frente e arranjaram o caso,
pois mantiveram os demandantes a irem até o final do julgamento. Desse modo a
Eli Lilly pode publicamente reivindicar que eles ganharam a causa e que o
Prozac® não causa dano.
SS:
Como ficamos sabendo disso?
RW:
Nós nunca teríamos conhecido essa história se não fosse por duas coisas. Uma,
acredite nisto ou não, o juiz, em essência, apelou da decisão em seu próprio
tribunal. Ele disse, "sinto mau cheiro nisso." E por isto, ele descobriu que
existia esta determinação secreta e que era um processo de fingimento na sua
continuação. Ele disse que era umas das piores violações à integridade do
processo legal que ele já tinha visto. E segundo, um jornalista inglês chamado
John Cornwell escreveu um livro chamado: Power to Harm: Mind, Medicine,
and Murder on Trial (Poder para prejudicar: Mente, Medicina, e
Assassinato no tribunal). Ele escreveu sobre este caso, e ainda nos Estados
Unidos, nós praticamente não obtemos quase nenhuma notícia sobre esta
determinação secreta e esta ampla perversão do processo legal. Seri um
jornalista inglês que estariaa expondo esta história.
Meu ponto aqui é esse: eles silenciam pessoas como Marcia
Angell. Eles pervertem o processo científico. Eles pervertem o processo legal.
Eles pervertem o processo de revisão de medicamentos do FDA. Está em todos
lugares! E é por isso que nós como uma sociedade acabamos acreditando nestas
drogas psiquiátricas. Você fez a pergunta há pouco tempo atrás, "Por que nós
ainda acreditamos no Prozac?" Uma das razões é que a história sobre o Prozac é,
na realidade, suportada. É publicamente suportada porque nós mantemos esse
silêncio sobre essas questões.
A outra coisa para lembrar é que algumas pessoas sob Prozac®
se sentem melhores. Isto é verdade. Isso é o divulgado, mas da mesma forma
algumas pessoas com o uso de placebos se sentem melhores. Mas aquelas são as
histórias que são repetidas: "Oh, eu tomei Prozac e eu estou me sentindo
melhor." É aquele grupo seleto que faz melhor para que essa história seja a
informada, sendo a história que o público ouve. Assim, é por isso que nós
continuamos a acreditar na história de que essas drogas sejam uma maravilha, que
sejam muito seguras, apesar de todo esse material sujo que ficou coberto.
SS:
Vamos agora nos mover dos antidepressivos como Prozac® e considerar outro novo
grupo de drogas supostamente maravilhosos - as novas drogas anti-psicóticas.
Você escreveu que o uso a longo prazo de drogas anti-psicóticas – ambas, os
originais neurolépticos, remédios como o Amplictil ® e Haldol® e os mais
recentes “atípicos” como Zyprexa® e Risperidal® - causam mudanças patológicas no
cérebro o que pode levar a uma agravação dos sintomas de doença mental. Quais
mudanças na química do cérebro resultam dos anti-psicóticos, e como isso leva ao
principal e mais assustador aspecto que você descreveu – a doença mental crônica
que ao qual se fica preso por tais substâncias?
RW:
Essa é uma linha de pesquisa que atravessa 40 anos. Este problema de enfermidade
crônica aparece de tempo em tempo repetidamente na literatura de pesquisa. Este
mecanismo biológico está um pouco melhor compreendido agora. Os anti-psicóticos
bloqueiam profundamente os receptores de dopamina. Eles bloqueiam entre 70-90
por cento dos receptores de dopamina no cérebro. Em resposta, o cérebro gera
mais ou menos 50 por cento de receptores extra de dopamina. Tenta ficar
hiper-sensível.
Então, em essência você teria criado um desequilíbrio no
sistema da dopamina no cérebro. É quase como se, em uma mão, você tem o
acelerador - isto é: os receptores de dopamina extra. E a droga é o freio
tentando bloqueá-los. Mas se você libera esse freio, se você abruptamente para
com as drogas, você agora tem um sistema de dopamina que é hiperativo. Você tem
muitos receptores de dopamina. E o que acontece? As pessoas que tentam
abruptamente largar os medicamentos tendem a ter graves recaídas.
SS:
Então as pessoas que foram tratadas com estas drogas anti-psicóticas têm uma
propensão maior para recaídas, e apresentar novos episódios de doença mental, ao
invés das pessoas que tiveram outros tipos de terapias sem tais drogas?
RW:
Exatamente, e isso foi entendido em 1979, que você realmente estava aumentando a
vulnerabilidade biológica subjacente para a psicose. E a propósito, nós já
classificamos um entendimento de que se você mexe com o sistema de dopamina, que
você podia criar alguns sintomas de psicose com anfetaminas. Então se você der a
alguém doses suficientes de anfetaminas, eles ficam sob risco aumentado de
psicose. Isto está bem conhecido. E o que as anfetaminas fazem? Eles liberam
dopamina. Então existe uma razão biológica por que, se você for mexer com o
sistema de dopamina, você está aumentando o risco de psicose. Isto é em essência
o que estas drogas anti-psicóticas fazem, eles incrementam o sistema da
dopamina.
Veja aqui um impressionante estudo real sobre isso:
pesquisadores da Universidade de Pittsburgh nos anos 90 tomaram pessoas
recentemente diagnosticadas com esquizofrenia, e eles começaram a registrar
imagens de ressonância magnética dos cérebros destas pessoas. Dessa forma nós
conseguimos um retrato de seus cérebros no momento de diagnóstico, e então nós
teremos imagens dos próximos 18 meses para verificar como esses cérebros se
modificam. A partir daí durante 18 meses, eles estão sendo medicados com
prescrições de anti-psicóticos, e o que os pesquisadores reportaram? Eles
reportaram o seguinte, após este período de 18 meses, as drogas causaram um
aumento dos gânglios da base, uma área do cérebro que usa dopamina. Em outras
palavras, criaram uma mudança visível na morfologia, uma mudança no tamanho de
uma área do cérebro, e isto é anormal. Isto é número um. Então nós temos uma
droga anti-psicótica causando uma anormalidade no cérebro.
Agora aqui temos o ponto chave. Eles verificaram que como
aquela amplificação aconteceu, era associada com uma agravação dos sintomas
psicóticos, uma agravação dos sintomas negativos. Então aqui você realmente tem,
com uma tecnologia moderna, um estudo muito poderoso. Por processamento de
imagens do cérebro, nós vemos como agente externo entra, corrompe a química
normal, causa um aumento anormal dos gânglios da base, e aquele aumento causa
uma agravação de muitos sintomas que deveria tratar. Agora isto realmente é, em
essência, a história de um processo de doença - um agente externo causa
anormalidade, dá origem a sintomas...
SS:
Mas neste caso, o agente externo que ativa o processo de doença é o suposto
tratamento para a própria doença! A droga psiquiátrica é o agente causador de
enfermidade.
RW:
Isto é exatamente assim. É um atordoante, uma descoberta maldita. É o tipo de
coisa que você diria, "Oh Cristo, nós devíamos ter feito algo diferente." Mas
você imagina que tipo de incentivo financeiro esse pesquisadores receberam, após
eles fazerem tal descoberta?
SS:
Não, qual? Eu imaginaria que eles conseguiram recursos para executar estes
mesmos estudos em outras classes de drogas psiquiátricas.
RW:
Eles conseguiram recursos para desenvolver um implante, um implante no cérebro,
que liberaria drogas como o Haldol® de forma contínua e ininterrupta! Um
investimento para desenvolver um implante de liberação de medicamentos, dessa
forma você poderia implantar isso nos cérebros das pessoas com esquizofrenia e
assim eles até não teriam qualquer oportunidade para não tomar esses remédios!
SS:
Incrível. Projetar um implante para fornecer uma dose constante de uma droga que
eles acabaram de descobrir ser causa de patologia na química do cérebro.
RW:
Certo, eles acabaram de verificar que eles estão causando uma agravação dos
sintomas! Então por que você continuaria com um projeto de um implante
permanente? Porque seria para isso que o dinheiro viria.
E ninguém quis lidar com este achado horrível de um aumento
nos gânglios da base causado pelas drogas, associado com a agravação dos
sintomas. Ninguém quis lidar com o fato de que quando você examinar as pessoas
medicadas com anti-psicóticos, você começará a ver uma redução dos lobos
frontais. Ninguém quer falar sobre nenhuma dessas coisas. Eles pararam essas
pesquisas.
SS:
Que outros efeitos colaterais são causados por uso prolongado destas drogas
anti-psicóticas?
RW:
Bem, você consegue a Discinesia Tardia (tardive dyskinesia), uma
deficiência orgânica cerebral permanente; e a Acatisia, que seria uma agitação
nervosa incrível. Você nunca fica confortável. Você quer se sentar, mas você não
pode se sentar. É como se você estivesse rastejando fora de sua própria pele. E
está associado com violência, suicídio e todos os tipos de coisas horríveis.
SS:
Tais tipos de efeitos colaterais eram notórios com a primeira geração de drogas
anti-psicóticas, como Amplictil®, Haldol® e Stelazine®. Mas, da mesma forma que
com Prozac®, tantas pessoas estão ainda elogiando em demasia a nova geração de
anti-psicóticos atípicos – Zyprexa®, Leponex® e Risperidal® - como drogas
mágicas que controlam a doença mental com muito menos efeitos colaterais. Isto é
verdade? O que você verificou?
RW:
Não, é apenas uma completa tolice. De fato, eu penso que as mais novas drogas
podem ser eventualmente estabelecidas como mais perigosas do que as antigas
drogas, se isso fosse possível. Como você sabe, os neurolépticos conhecidos como
Amplictil® e Haldol® tinham um relato reiterado de malefícios como a discinesia
tardia e acatisia no máximo.
Então quando nós conseguimos as novas drogas atípicas, elas
foram extraordinariamente badaladas como infinitamente mais seguras. Mas com
essas novas atípicas, você consegue obter todos os tipos de deficiências
orgânicas metabólicas.
Vamos falar sobre Zyprexa®. Tem um perfil diferente. Ele pode
não causar muita discinesia tardia. Pode não dar origem a tantos sintomas de
parkinson. Mas ele causa um amplo leque de novos sintomas. Então, por
exemplo, provavelmente causa mais diabete. E provavelmente cause mais distúrbios
pancreáticos. Provavelmente cause mais obesidade e distúrbios no controle do
apetite.
Na verdade, pesquisadores na Irlanda reportaram em 2003 que
desde a introdução dos anti-psicóticos atípicos, a taxa de mortalidade em meio
às pessoas com esquizofrenia dobrou. Eles tomaram as taxas de mortalidade das
pessoas tratadas com neurolépticos clássicos e posteriormente eles comparam com
as taxas de mortalidade das pessoas tratadas com anti-psicóticos atípicos, e
essas taxas dobraram. Ela dobrou! Não houve redução dos perigos. De fato, nesse
estudo de sete anos, 25 de 72 pacientes morreram.
SS:
Quais eram as causas de morte?
RW:
Todos os tipos de enfermidades orgânicas, e isto é parte do ponto. Estamos
ficando com problemas respiratórios, estamos tendo pessoas que morrem com taxas
de incrivelmente elevadas de colesterol, com problemas de coração, com diabetes.
Com olanzapina (Zyprexa®), um dos problemas é que você está realmente força de
forma extrapolada o âmago do sistema metabólico. É por isso que você alcança
estes enormes ganhos de peso, e você obtém uma diabetes. O Zyprexa® basicamente
corrompe o “equipamento” que nós somos e que faz o processamento dos alimentos e
da obtenção energética dessa comida. Então esse aspecto fundamental da função
biológica humana é perturbado, e em algum momento você terá todos estes
problemas pancreáticos, prejuízos da regulação da glicose, diabetes, etc. Isto é
realmente um sinal que você é mexendo com algo muito fundamental para vida.
SS:
Supostamente existe um aumento alarmante de doença mental sendo diagnosticada em
crianças. Milhões são diagnosticados com depressão, sintomas bipolares e
psicóticos, distúrbio de déficit de atenção e hiperatividade, e distúrbio de
ansiedade social. Essa explosiva nova prevalência de doença mental no meio das
crianças é um aumento real, ou é uma campanha de marketing que enriquece a
indústria de drogas psiquiátricas, uma bonança para tais corporações
farmacêuticas?
RW:
Você está tocando em algo que realmente se trata de um escândalo trágico de
proporções monumentais. Eu converso às vezes com classes de acadêmicos, classes
de psicologia. Você não consegue acreditar qual é a porcentagem de jovens que
foi estabelecida que seria mentalmente enferma desde crianças, de que algo
estava muito errado com elas. É absolutamente fenomenal. É absolutamente cruel
estar dizendo que tais crianças têm cérebros falidos e enfermidades mentais.
Existem duas coisas que estão acontecendo aqui. Um, claro, é
que é uma completa tolice. Quando nos lembramos de nós quando crianças, você tem
energia demais ou você se comporta às vezes de modo que não é totalmente
apropriado, e você tem esses extremos de emoções, especialmente durante seus
anos de adolescência. Ambos, crianças e adolescentes podem ser muito
sentimentais. Então uma coisa que está acontecendo é que eles tomam alguns
comportamentos da infância e começam a definir os comportamentos que eles não
gostam de patológicos. Eles começam a definirem emoções que são
desconfortáveis como patológicas. Então parte do que nós estamos fazendo é
“patologização” da infância com uma definição inepta de trivialidades. Nós
estamos patologizando, criando sofrimento no meio das crianças.
Por exemplo, se você for um filho de criação, e talvez você
tenha recebido pouco conforto na loteria da vida e crescido em uma família
disfuncional e você é colocado num orfanato, você sabe o que acontece hoje? Você
muito provavelmente vai ser diagnosticado com uma desordem mental, e você vai
ser colocado sob um medicamento psiquiátrico. Em Massachusetts, algo em torno de
60 a 70 por cento das crianças de orfanatos estão recebendo medicações
psiquiátricas. Essas crianças não são mentalmente doentes! Elas conseguiram um
tratamento injusto na vida. Elas acabaram em um lar de proteção, o que significa
que eles estavam numa situação familiar ruim, e o que nossa sociedade faz? Eles
dizem: "Você tem um cérebro defeituoso." Não seria a sociedade que seria ruim e
você não conseguiu uma situação justa. Não, a criança tem um cérebro defeituoso
e tem que ser colocada sob drogas. É absolutamente criminoso.
Deixe-me falar sobre desordem bipolar entre crianças. Como um
médico disse, isso costumava ser tão raro que seria quase inexistente. Agora nós
estamos vendo isso a todo momento. Os “bipolares” estão explodindo entre as
crianças. Bem, em parte você poderia dizer que nós estamos apenas rotulando sem
cautela as crianças mais freqüentemente; mas de fato, existe algo realmente
acontecendo. Veja aqui o que está acontecendo. Você pega crianças e as coloca
sob antidepressivo - que nós nunca costumávamos fazer - ou você as coloca sob
uso de um estimulante como Ritalina®. Os estimulantes podem criar mania; os
estimulantes podem criar psicose.
SS:
E antidepressivos também podem causar mania, como você assinalou.
RW:
Exatamente, então a criança pode acabar com uma crise maníaca droga-induzida ou
episódio psicótico. Uma vez que elas têm isto, o médico na sala de emergência
não diz, "Oh, ele está sofrendo de um episódio induzido por medicamentos." Ele
diz que ele é bipolar!
SS:
Então eles dão a criança uma nova droga para uma desordem mental causada pela
primeira droga?
RW:
Sim, eles dão a ele uma droga anti-psicótica; e agora a criança está sob um
coquetel de drogas, e ela está em no curso de ficar inválido por toda a vida.
Isto é um exemplo de como nós realmente estamos criando crianças doentes.
SS:
É como se a sociedade ou suas escolas estejam tentando tornar eles manejáveis e
eles acabam pondo as crianças em uma montanha russa química contra sua vontade.
RW:
Absolutamente.
SS:
Existe um número surpreendente de crianças recebendo Ritalina® para tratar
hiperatividade. Mas qual menino de 10 anos de idade confinado em um banco
escolar não é hiperativo? Você descreve que o efeito da Ritalina® no sistema da
dopamina é bem parecido com a cocaína e as anfetaminas.
RW:
Ritalina® é metilfenidato. De fato o metilfenidato afeta o cérebro exatamente do
mesmo modo que a cocaína. Eles dois bloqueiam uma molécula que é envolvida na
re-captação da dopamina.
SS:
Então ambos aumentam os níveis de dopamina no cérebro?
RW:
Exatamente. E eles fazem isto com um grau semelhante de potência. Então o
metilfenidato é bem parecido com a cocaína. Agora, uma diferença é se você está
aspirando isto ou se está em uma pílula. Esse aspecto modifica o quão rápido é
sua metabolização. Mas de qualquer forma, basicamente afeta o cérebro de igual
forma. Veja, o metilfenidato foi usado em estudos de pesquisa para
deliberadamente manipular a psicose em esquizofrênicos. Uma vez que eles
descobriram que você podia tornar uma pessoa com uma propensão para psicose, dê
a eles metilfenidato, e produza a psicose. Nós também descobrimos que as
anfetaminas, como o metilfenidato, podiam criar psicose nas pessoas que nunca
tinham sido psicóticas anteriormente.
Então pense sobre isso. Nós estamos dando uma droga para
crianças que é reconhecida em ter a possibilidade de ativar uma psicose. Agora,
o estranho sobre o metilfenidato e as anfetaminas é o seguinte, em crianças,
eles são reconhecidos de produzir um efeito paradoxal. O que a anfetamina faz
nos adultos? Torna eles mais nervosos e hiperativos. Por alguma razão, para as
crianças as anfetaminas as deixam realmente mais aquietam sua atividade;
realmente as manterá em suas cadeiras e as tornam mais focadas. Então você
captura as crianças em escolas tediosas. Os meninos não estão prestando atenção
e eles são diagnosticados como DDHA e são colocados sob uma droga que é
conhecida em promover psicose. A próxima coisa você já sabe, um número
considerável delas não estarão funcionando bem quando elas tiverem uns 15, 16,
ou 17 anos. Algumas daquelas crianças falarão sobre como se sentiam quando
estando sob tais medicamentos a longo prazo, você começa a sentir como um zumbi;
você não sente como se fosse você mesmo.
SS:
Vazios,
emoções
embotadas. E isto está
sendo feito com milhões de crianças.
RW:
Milhões de crianças! Pense sobre o que nós estamos fazendo. Nós estamos roubando
das crianças o seu direito de ser criança, o seu direito de crescer, seu direito
de experimentar uma ampla possibilidade de plenas emoções, e seu direito de
experimentar o mundo no mais amplo leque repleta de matizes de cores. Isso é que
é o crescimento, isso é viver a vida! E nós estamos roubando das crianças do seu
direito de ser. É tão criminoso. E nós estamos falando sobre milhões de crianças
que foram afetadas desse modo. Existem algumas escolas onde algo em torno de 40
a 50 por cento das crianças chegam com uma prescrição psiquiátrica.
SS:
Parece um enorme mecanismo de controle social. A sociedade dá às crianças
Ritalina® e antidepressivos para subjugá-los e o faz para eles se ajustarem. Por
um lado, é tudo controle e conformidade social. Mas também tem um enorme
marketing recompensatório.
RW:
Você está certo, cria clientes para os medicamentos, e clientes esperados serem
praticamente para toda a vida. É assim que estamos sendo informados, certo? Eles
são informados que eles vão estar sob essas drogas por toda vida. E num próximo
estágio eles sabem, eles estarão sob mais duas ou três ou quatro drogas. É
brilhante do ponto de vista capitalista. Também tem uma certa função de controle
social. Mas você captura uma criança, e você a torna num cliente, e espero que
ela seja um cliente vitalício. É brilhante.
Atualmente nós gastamos com antidepressivos nesse país que o
Produto Nacional Bruto de países de tamanhos médio como a Jordânia. Uma quantia
surpreendente de dinheiro. A quantia de dinheiro que nós gastamos em drogas
psiquiátricas neste país é mais que o Produto Nacional Bruto de dois terços dos
países do mundo. Apenas sob esse paradigma mental incrivelmente lucrativo em que
você pode consertar desequilíbrios químicos do cérebro com tais drogas. Isso
funciona muito bem sob o ponto de vista capitalista para a Eli Lilly. Quando o
Prozac® veio para o comércio, o valor da Eli Lilly na Wall Street, sua
capitalização, era ao redor de 2 bilhões de dólares. Pelo ano 2000, o tempo
quando Prozac era sua droga número UM, sua capitalização alcançou 80 bilhões de
dólares - um aumento de quarenta vezes.
Então, o que você necessariamente tem que examinar se você
quer compreender porque as companhias farmacêuticas procuraram exaltar essa
perspectiva com tamanha determinação. Trouxe bilhões de dólares em riqueza em
termos de aumentos nos lucros para os donos e gerentes dessas companhias. Também
se beneficia o stablishment psiquiátrico que se fortalece nas sombras dos
medicamentos; eles fazem isso muito bem. Existe muito dinheiro que flui na
direção daqueles que abraçaram essa maneira de tratamento. Existem anúncios que
enriquecem a mídia. É tudo uma grande negociata.
Infelizmente, o custo é a desonestidade na nossa literatura
científica, a corrupção do FDA, e o dano absoluto feito contra as crianças neste
país tratadas neste sistema, e um aumento de 150.000 pessoas inválidas a cada
ano nos Estados Unidos nos últimos 17 anos. Essa é um registro impressionante do
dano produzido.
SS:
Todo mundo fica rico -- as companhias farmacêuticas, os psiquiatras, os
pesquisadores, as agências de publicidade - mas os clientes tornam suas mentes
drogadas e a danificadas por toda a vida.
RW:
E você sabe o que é mais interessante? Ninguém diz que a saúde mental do povo
americano está melhorando. Pelo contrário, todo mundo diz que nós temos este
problema num crescendo, eles culpam isto às tensões da vida moderna ou algo
desse tipo, mas eles não querem examinar para o fato de que nós estamos
produzindo doença mental.
(*)Márcia Angell – é autora do livro “A verdade sobre os
laboratórios farmacêuticos”, editora Record – faz parte dos livros sugeridos
do site umaoutravisao.
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