quinta-feira, abril 9


JUSTIÇA!!! "O Caso Ana Carolina Cordovil Heiderich" (Reforma Psiquiátria)

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ANA CAROLINA CORDOVIL HEIDERICH SILVA‏
Ela só tinha 18 anos,e foi mais uma vida ceifada pelo criminoso sistema psiquiátrico de nosso país.
POR ESTA E MUITAS OUTRAS VIDAS, PRECISAMOS UNIR FORÇA EM PROL DE UMA URGENTE URGENTÍSSIMA REFORMA PSIQUIÁTRICA ANTIMANICOMIAL NO BRASIL.
DEPOIMENTO DE NERCINDA (MÃE DE ANA CAROLINA)
Internei minha filha no dia 26/11/2006 por volta das 19h. Na Clínica de Repouso Santa Isabel LTDA em Cachoeiro do Itapemirim/ Es. O meu objetivo era a Clínica Capaac por ser bem menor e possuir, apenas cerca de 35 leitos divididos entre masculinos e femininos. Chegando lá o médico nos informa que não tinha vaga e fez o encaminhamento para a Clínica Santa Isabel. Antes de ser atendida lanchou. Como ela queria biscoito de chocolate e dei de morango, por engano, ficou chateada. Logo o médico chegou e pediu que os enfermeiros a levassem para outra sala enquanto ele conversava comigo. Ela perguntou ao médico se não poderia ficar comigo até à hora da internação, ele alegou que era apenas para ver a pressão. Até eu acreditei. Porém, ela perguntou por que ele mesmo, não olhava sua pressão ao que respondeu que, o seu aparelho estava lá dentro. Foi a última vez que nos vimos.
Falei das suas dificuldades, dos medicamentos que ela tomava (trileptal300ml, rivotril2ml, fluoxetina20ml, metformina e glimepirida para controlar a glicose tipo II e que ela nunca tinha tido problema, pois media sempre 113, 123, 124 e poucas vezes chegavam a 145). Mas nunca havia ficado doente fisicamente.
Pedi que não lhe ministrasse Haloperidol, pois era alégica e já tinha sido socorrida na emergência com a língua inchada, para fora após ter tomado 20g de haldol mais um comprimido de akneton em dois dias somando 40g e dois comprimidos de akneton de 1ml.
Para reverter o quadro, a medica plantonista lhe aplicou Decadron e fernegan. Ele anotou, pois me pediu que repetisse os nomes dos medicamentos enquanto escrevia. Esta ficha não consta no prontuário, já que o mesmo me foi negado durante 6 meses.
Pedi a exumação após três dias e só consegui após 7 meses e dezesseis dias com muita insistência.
O médico diz que foi infarto do miocárdio , o legista diz , causa indeterminada, já que o coração estava em perfeito estado de conservação. Porém o pulmão esquerdo estava murcho. Além do tempo ainda os materiais só foram enviados para exame de laboratório depois de 40 dias, assim mesmo porque eu liguei para o IML para saber do resultado, eles não sabiam de nada já que estes materiais ainda estavam aqui em Manhuaçú e só saiu depois que eu falei com a delegada. Liguei outra vez para o IML e a perita me disse que foi impossível detectar a causa pelo fato das víceras estarem e formol o que atrapalha, segundo ela, as investigações. Estas partes não podem ser colocadas em nenhum conservante. Tentei contestar o laudo, mas encontrei dificuldades. O advogado do caso não se pronunciou. Infelizmente parece que neste mundo temos que saber de tudo, o que é impossível.
Ao terminar a consulta quis ver minha filha. Ele me disse que não era possível, pois ela estava sedada. Assustei-me e, falei: O Dr. não deu haldol pra ela! Ele me disse que não e que teria lhe dado apenas diazepam com biperideno.
Ao sair a atendente me pediu que eu deixasse para vê-la após,pelo menos 05 dias até que o paciente se habituasse no ambiente. Eu ligava cerca de três a quatro vezes por dia e só recebia boas notícias. Ela está bem!Mas não podia falar com opaciente hora nenhuma pelo telefone.
No final de 05 dias, fui visitá-la, mas cheguei depois da visita por causa de atraso do carro que nos levou. Mesmo assim o atendente me deixou vê-la, mas fui convencida sutilmente, por uma enfermeira a deixar a visita para segunda feira, uma vez que era o dia da reunião e ainda era muito cedo, já que agora era que eles estavam conhecendo o seu problema e que a minha visita poderia interromper o tratamento. Deixei uma bolsa com várias peças de roupas, maçãs, e voltei chorando, mas nunca me passou pela mente que ela corria risco de morrer.
Cheguei na segunda feira às 11h. Dirigi-me a assistente Social, me identifiquei ao que me respondeu que esperasse à hora da visita oficial às 13,30h. Quando fui entrar no pátio de visitas, ao mencionar o nome da paciente fui barrada e levada de volta para a sala da assistente Social onde gritei, rolei pelo chão, não sabia mais o que fazer. Minha única filha estava sem vida com apenas 18 anos. 04/12/2006
Quando consegui o prontuário vi que o médico não só prescreveu haldol, como em doses altíssimas [10mlde haloperidol;300ml de amplictil,4ml de biperideno além de Daonil. Só Daonil não era injetável. Cheguei à triste conclusão. Os medicamentos eram injetáveis porque ela não aceitava tomar haldol pois tinha plena consciência do mal que lhe causava. E lá eles são obrigados a tomar os medicamentos que é para manter a ordem. Se quiserem explicações de como lá funciona entrem em contato com Cassiane Cominiti Abreu Graduada em serviço sicial na UFES Cassiane abreu< cassiufes@yahoo.com.br>
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Voltei a clínca no dia 08/12/2006 para mais esclarecimento. O diretor Agostinho Sergio Fava Leite nos disse que ele soube que ela havia caído.já que eu havia constatado um grande hematoma em sua cabeça da orelha para cima no lado direito no dia do seu falecimento e meu sobrinho, no dia do velório, constatou hematomas na parte inferior do braço e na costela do mesmo lado. No dia 08 me acompanhavam: Alcinéia o advogado Dr. Ernesto e o motorista Gilcemar que presenciou uma senhora conversando comigo no pátio a qual me disse que era quem dava banho em minha filha,que lavava suas roupas e que lhe deixara muitas recordações. Fiquei mais uma vez surpresa Ana Carolina era totalmente independente.
No prontuário consta que ela estava em estado de prostração e que nos dia 02e03/12/2006 o clinico geral Dr. Sergio Serafim Costalonga passou a ministrar-lhe 40g de buscopan+40g de elixir paregórico, pois ela estava com diarréia em grande quantidade.
Denunciei ao MP por orientação do Médico que lhe acompanhava a cerca de 3 anos mais ou menos, ao CRM e a Comissão de Direitos Humanos do Estado do ES.
A investigações da Polícia Civil, na minha opinião muito deficiente. O primeiro delegado não deu conta do inquérito. O segundo chegou a me dizer que estava confiante que iríamos a júri mais foi transferido. O terceiro já concluiu dizendo que: não encontrou fundamento suficiente para indiciamento dizendo que eu sublimasse a minha dor de outra forma, que tinha mais coisas para fazer e desligou o telefone, já que eu insistia na intimação de mais pessoas para serem ouvidas, uma investigação mais apurada dos fatos e acareação entre o Dr. Clínico Dr. Agostinho Fava Leite, o Médico responsável Dr. Silvio Romero de Sousa França e Maria das Mercês dos Santos a serviçal que mudou todo o seu depoimento, o Dr. Ernesto advogado que conversou em particular com o Dr. e achou que eu não deveria representar contra a clínica.
Suspeitas: Hipoglicemia, overdose medicamentosa, além da alergia ao haldol, tombo,
Enfraquecimento, já que ela não se alimentava o que é de se estranhar para uma pessoa que não dispensava uma refeição, se quer. E que tínhamos que ficar de olho já que ela estava acima do peso normal. Mais um motivo para que ele tomasse mais cuidado, embora ela era muito ativa, inteligente, não sentia nem mesmo dor de cabeça, o que era raro.

2 comentários:

  1. Nercinda, boa tarde!
    Não sei se você acessa esse espaço de comentários com frequência e também não sei se virei a ler a resposta deste comentário, portanto escrevo como quem escreve pela última vez.
    As circunstâncias que me trouxeram ao seu blog são infinitamente distantes da matéria deste texto, mas sei que Deus coopera para o bem de todos aqueles que O buscam .
    Ao longo desses anos após o falecimento de sua filha, você já deve ter ouvido muitas palavras e sei que as minhas só se juntam a milhares. Mas muitas vezes, as pessoas mais próximas a nós tendem ao esquecimento e com o tempo as palavras vão ficando cada vez mais vazias, como "você tem que superar" ou "Deus quis assim".
    Hoje é a primeira vez que tenho ciência da sua dor, por isso perdoe-me se for muito sentimentalista.
    Gostaria de dizer que lamento muito que nada tenha sido feito pela justiça dos homens para responsabilizar aqueles que causaram a morte de sua filha. Lamento ainda mais por saber que essas pessoas continuam aí, atuando como médico e quem sabe causando sofrimento a ainda mais pessoas.
    Pelas fotos, percebi que a Ana Carolina tinha lindos olhos, parecidos com os seus. Imagino a sua dor por não poder vê-los mais.
    Eu sinto muito, muito mesmo pela sua perda, apesar de não nos conhecermos e de não ter conhecido a Ana.
    Que bom que você tem a certeza de que um dia toda lágrima de nossos olhos será enxugada!
    Gostaria de lhe dizer algo, que provavelmente muitos já lhe disseram, e me perdoe se estiver sendo muito invasiva, mas, Nercinda, você não tem culpa pela morte da Ana. Se ainda existe em seu coração alguma dúvida disso, oro para que o Senhor traga seu bálsamo sobre você. Apesar de nunca tê-la visto, pelas suas palavras e história aqui contada, posso ver que você era uma mãe presente e se preocupava muito com ela. O Senhor jamais lhe puniria de uma maneira tão dolorosa. A história da Ana chegou ao fim no tempo que Ele quis e tenho certeza que não foram só capítulos tristes como esse do final.
    Tenho certeza que se estivesse aqui, a Ana só diria coisas lindas a respeito da mãe dela.
    Espero de coração que essa luta antimanicomial alcance exito, para que outros não passem por essa dor.
    Um abraço fraterno,

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    1. Boa noite Amanda Alves!

      Me sinto privilegiada por receber visitas tão especiais, como a sua.
      Só agora, após quase um ano, entro aqui por completo, e justamente a procura deste texto e me deparo com uma mensagem, que muito me emocionou! Infelizmente, a juíza absolveu os réus! O MP recorreu ao TJES, mas mão teve êxito. Não sei ainda, que rumo tomar. O problema maior que encontro, é a distância. E concorrer com esta classe já não é fácil e muito mais ainda, com o dono majoritário desta clínica. Contudo, muita grata pela mensagem de conforto. Não é mais uma mensagem! Todas são únicas e muito me tocam profundamente. Obrigada e que Deus seja sempre contigo. Um doce abraço, fraternal.

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