Drogas psiquiátricas: 
Um assalto à Condição Humana
Entrevista do
The Street Spirit com Robert Whitaker
Entrevistado por Terry Messman
 O repórter investigativo 
Robert Whitaker, autor do impressionante livro MAD IN AMERICA, atualmente 
está engajado em uma fascinante linha de pesquisa: de que forma a gigantesca 
indústria de remédios psiquiátricos está colocando em risco a população 
americana ao encobrir os casos não relatados de sofrimento, angústia e 
enfermidade originados pelos medicamentos antidepressivos, amplamente 
prescritos, e os anti-psicóticos.
Whitaker expõe as massivas 
mentiras e encobrimentos que corromperam os processos de revisão de drogas que 
são realizados pelo FDA nos Estados Unidos, mostrando como são co-optados os 
testes de pesquisas com a finalidade de distorcer os resultados desses testes 
com esses medicamentos. Dessa forma escondem os sérios perigos, mesmo os efeitos 
colaterais mortais, de produtos com nomes conhecidos como Prozac®, Zoloft®, 
Aropax® e Zyprexa®.
A história se torna até mais 
assustadora quando nós olhamos para as táticas agressivas que estas poderosas 
companhias costumavam silenciar seus críticos proeminentes, difamando-os na 
imprensa, e usando seu dinheiro e poder para dispensar cientistas amplamente 
respeitados e eminentes pesquisadores médicos se ousarem assinalar os perigos e 
os riscos de suicídio e morte prematura causados por tais drogas.
Whitaker começa 
desconstruindo a exagerada eficiência dessas drogas  amplamente divulgadas como 
medicamentos maravilhosos - antidepressivos como Prozac®, Zoloft® e Aropax®, e 
as novas drogas anti-psicóticas atípicas como o Zyprexa®. Sua pesquisa mostra 
como eles de um modo geral são escassamente mais efetivos do que placebos no 
tratamento de desordens mentais e depressão, apesar da ampla adulação que eles 
recebem na mídia popular. 
Porém ele prossegue fazendo 
mais declarações surpreendentes: estas novas drogas psiquiátricas contribuem 
diretamente para uma alarmante nova epidemia de doenças mentais induzidas por 
drogas. Medicamentos popularmente prescritos pelos médicos para estabilizar 
desordens mentais de fato estão induzindo mudanças patológicas na química 
cerebral e levando ao suicídio, a episódios maníacos e psicóticos, convulsões, 
violência, diabetes, falência pancreática, doenças metabólicas, e morte 
prematura.
Whitaker originalmente era 
repórter médico de grande reputação do 
Albany Times Union 
e também atuava para Boston Globe. Uma série que ele co-escreveu para o Boston 
Globe sobre os perigos da pesquisa em psiquiatria lhe deixou finalista ao Prêmio 
Pulitzer em 1998. Quando ele começou a sua pesquisa investigativa em temas 
psiquiátricos, Whitaker ainda era um partidário da história sobre o progresso 
que a psiquiatria vinha informando ao público nas últimas décadas. 
Ele disse, "eu absolutamente 
acreditava no senso comum de que estas drogas anti-psicóticas realmente 
melhoraram as coisas e que elas revolucionaram totalmente a forma como nós 
tratamos a esquizofrenia. As pessoas costumavam ser presas, afastados de suas 
casas para sempre, e agora talvez as coisas não sejam as ideais, mas seriam 
muito melhores. Era uma história de progresso." 
Tal história de progresso 
era fraudulenta, como Whitaker logo descobriu quando ele adquiriu novos insights 
a partir de suas pesquisas de práticas psiquiátricas de tortura como 
eletro-choque, lobotomia, coma por insulina, e drogas neurolépticas. Os 
psiquiatras informaram ao público que essas técnicas curavam psicose ao 
equilibrar a química do cérebro. 
Mas, na realidade, a linha 
comum em todos estes diversos tratamentos foi a tentativa de suprimir a "doença 
mental" ao prejudicar deliberadamente as funções mais elevadas do cérebro. A 
atordoante verdade é essa, atrás de portas fechadas, o próprio stablishment 
psiquiátrico etiquetou estes tratamentos como "terapêutica prejudicial ao 
cérebro." 
A primeira geração de drogas 
anti-psicóticas criaram uma patologia droga-induzida no cérebro ao bloquear um 
neurotransmissor, a dopamina, em essência obstruindo muitas funções cerebrais 
elevadas. De fato, quando os anti-psicóticos como a clorpromazina e o 
haloperidol foram inicialmente introduzidos, os próprios psiquiatras disseram 
que estas drogas neurolépticas eram virtualmente indistinguíveis de uma 
lobotomia química.
Em anos recentes, a mídia 
tem alardeado a chegada de medicamentos de design especial como Prozac®, Aropax® 
e Zyprexa®, que deverão ser superiores e ter menos efeitos colaterais que os 
antigos antidepressivos tricíclicos e os primeiros anti-psicóticos. Os milhões 
de americanos que acreditaram nesta história têm enriquecido companhias 
farmacêuticas como a Eli Lilly ao gastar bilhões de dólares anualmente comprando 
estes novos medicamentos.
A pesquisa do Whitaker nos 
casos trágicos de doença, sofrimento e as primeiras mortes causadas por tais 
drogas mostram que esses milhões de consumidores foram enganados por uma 
gigantesca campanha de mentiras, distorções, e pesquisas de remédios forjadas. 
Eminentes pesquisadores médicos que tentaram nos advertir dos perigos destas 
drogas foram silenciados, intimidados e difamados. Nesse processo, o FDA se 
tornou um cão de estimação para a poderosa indústria farmacêutica, e não um cão 
de guarda para a população. 
Tha street spirit 
entrevistou Robert Whitaker sobre esta nova "epidemia" de desordens mentais, e 
como as companhias farmacêuticas lucraram ao venderem drogas que nos tornam mais 
enfermos.
A entrevista:
Street Spirit: 
Sua nova linha de pesquisa indica que existe um enorme aumento na incidência de 
doença mental nos Estados Unidos, apesar dos aparentes avanços na nova geração 
das drogas psiquiátricas. Por que você se refere a este aumento como uma 
epidemia? 
Robert Whitaker: 
Até mesmo pessoas como o psiquiatra E. Fuller Torrey, que escreveu isso 
recentemente em um livro, podem dizer que parece que nós estamos tendo uma 
epidemia de doença mental. Quando o Instituto Nacional de Saúde Mental publica 
seus gráficos sobre a incidência de doença mental, você vê estes crescentes 
números de pessoas mentalmente enfermas. Alguns relatórios recentes dizem que 
quase 20 por cento dos americanos estão mentalmente doentes na atualidade.
Então o que eu quis fazer foi em dobro. Eu quis examinar 
exatamente o quão dramático é este aumento na doença mental, e principalmente na 
doença mental severa. Parte desta subida no número das pessoas ditas serem 
mentalmente doentes é apenas por redefinição. Atualmente nós concebemos um 
espectro muito grande onde lançamos todos os tipos de pessoas naquelas 
categorias de doença mental. Então, crianças que não ficam sentadas um tempo 
suficiente nas suas salas de aula parecem ter o Distúrbio de Déficit de Atenção 
e Hiperatividade (DDAH), além de nós criarmos uma nova enfermidade chamada de 
Distúrbio de Ansiedade Social.
SS: 
Então o que costumava ser chamada simplesmente de timidez ou ansiedade no 
relativo às pessoas, está agora sendo etiquetado como uma desordem mental, e 
você supostamente necessitará de um antidepressivo como a paroxetina para um tal 
de distúrbio de ansiedade social.
RW: 
Exatamente. Ou você precisa de um estimulante como Ritalina® para DDHA.
SS: 
Isso aumenta os clientes em psiquiatria, como também não aumenta o número de 
pessoas para as quais essas gigantescas companhias farmacêuticas podem vender 
suas drogas psiquiátricas?
RW: 
Evidente. Então parte do que nós estamos vendo é nada mais do que a criação de 
um mercado maior para tais medicamentos. Se você pensar sobre isto, uma vez que 
nós desenhamos um círculo tão grande quanto possível, ao expandir os limites da 
doença mental, a psiquiatria pode ter mais clientes e vender mais drogas. Então 
existe um incentivo econômico intrínseco para que se defina doença mental nas 
mais amplas perspectivas possíveis, e dessa formar transformar situações 
ordinárias, emoções estressantes ou comportamentos que algumas pessoas podem não 
gostar, tudo isso poderia ser rotulado como doença mental.
SS: 
Sua pesquisa também mostra que existe um aumento real nas pessoas que têm uma 
desordem mental severa. Agora, embora isso possa parecer contraditório, mas na 
verdade você acredita que muito deste aumento seria causado pelo excesso de uso 
de algumas dessas novas gerações de drogas psiquiátricas?
RW: 
Sim, exatamente. Eu examinei ao número daqueles classificados como doentes 
mentais severamente inválidos -- pessoas que não estão trabalhando, ou que são 
de alguma maneira disfuncional por causa da doença mental. Então eu tentei 
classificar ao longo da história a porcentagem da população que é considerada 
como um doente mental incapacitado.
Então, em 1903, nós vemos que aproximadamente 1 de cada 500 
pessoas nos Estados Unidos era hospitalizada por doença mental. Em 1955, no 
começo da era moderna das drogas psiquiátricas, aproximadamente uma de cada 300 
pessoas era inválida por doença mental. Mais tarde, vamos para 1987, o final da 
primeira geração de drogas anti-psicóticas; e de 1987 adiante nós alcançamos as 
drogas psiquiátricas modernas. De 1955 até 1987, durante esta primeira era de 
drogas psiquiátricas -- as drogas anti-psicóticas Amplictil® e Haldol® e os 
antidepressivos tricíclicos (como Tryptanol® e Anafranil®) -- nós verificamos 
que o número de doentes mentais incapacitados aumentar em quatro vezes, chegando 
ao ponto onde aproximadamente uma de cada 75 pessoas serem julgadas como 
inválidas por doença mental.
Pois bem, ocorreu uma mudança na forma como nós cuidamos do 
doente mental entre 1955 e 1987. Em 1955, nós os estávamos hospitalizando. 
Porém, em 1987, nós passamos por uma mudança social, e a partir daí nós 
estávamos colocando essas pessoas em abrigos, casas de apoio, ou outro tipo de 
cuidado comunitário, além de dar a eles pagamentos da seguridade social (SSI/SSDI 
payments) por inaptidão mental. Em 1987, nós começamos a utilizar os 
supostamente melhores, medicamentos psiquiátricos de segunda geração como o 
Prozac® e os demais antidepressivos ISRS – inibidores seletivos de recaptação de 
serotonina. Logo em seguida, nós recebemos essas novas drogas, os 
anti-psicóticos atípicos como Zyprexa® (olanzapine), Leponex® e Risperidal®.
O que tem acontecido desde 1987? Bem, a taxa de inaptidão 
continuou a aumentar até chegar aos atuais: um para cada 50 americanos. Reflita 
sobre isto: um de cada 50 americanos é inválido por doença mental na atualidade. 
E isso ainda está num crescente. O número das pessoas mentalmente inválidas nos 
Estados Unidos tem aumentado na taxa de 150.000 pessoas por ano desde 1987. Isto 
é um aumento diário, ao longo dos últimos 17 anos, de 410 pessoas por dia 
ficando incapacitada por doença mental. 
SS: 
Isso nos leva a pergunta óbvia. Se psiquiatria introduziu estas drogas tidas 
como maravilhosas como Prozac® e Zoloft® e Zyprexa®, porque a incidência da 
doença mental está subindo dramaticamente?
RW: 
Essa é a questão. Isto é uma pergunta científica. Nós temos uma forma de 
atendimento onde nós estamos usando estas drogas de um modo cada vez mais 
inclusivo, como supostamente nós temos medicamentos melhores e eles são a base 
dos nossos tratamentos, conseqüentemente nós deveríamos ver taxas de inaptidão 
decrescente. Esse seria o cenário esperado. 
Mas ao contrário, de 1987 até o presente, nós vimos um 
aumento no número das pessoas mentalmente inválidas que passou de 3.3 milhões de 
indivíduos até os atuais 5.7 milhões nos Estados Unidos. Nesse período, nossos 
gastos com drogas psiquiátricas aumentaram a um nível surpreendente. Os gastos 
combinados com medicamentos antidepressivos e anti-psicóticos saltaram de algo 
ao redor de US$500 milhões em 1986 para quase US$20 bilhões em 2004. Por 
isso nós levantamos a questão: seria o uso dessas drogas que realmente, de algum 
modo, alavancou este aumento no número de doentes mentais?
Quando você examina a literatura de pesquisa, você encontra 
um padrão claro nos resultados com todos esses remédios - você vê isto com os 
anti-psicóticos, os antidepressivos, as drogas anti-ansiedade e os estimulantes 
como Ritalina® usada para tratar ADHD. Todas estas drogas podem restringir um 
sintoma alvo de forma ligeiramente mais eficaz do que um placebo o faz, por um 
período pequeno de tempo, digamos seis semanas. Um antidepressivo pode melhorar 
os sintomas de depressão melhor do que um placebo por um curto prazo. 
Você verifica com qualquer classe dessas drogas psiquiátricas 
uma agravação do sintoma alvo de uma depressão ou psicose ou ansiedade a longo 
prazo, em comparação aos pacientes tratados com placebo. Então, mesmo nos 
sintomas alvo, existem maior cronicidade e severidade nos sintomas. E você vê 
uma porcentagem bastante significativa de pacientes onde sintomas psiquiátricos 
novos e mais severos são ativados pela própria droga.
SS: 
Novos sintomas psiquiátricos são criados pelas inúmeras drogas que as pessoas 
utilizam pois foram informadas que lhes ajudaria a recuperação?
RW: 
Exato. O caso mais óbvio é com os antidepressivos. Uma porcentagem das pessoas 
colocadas sob uso de ISRSs, porque eles têm algum grau de depressão 
sofrerá ou um ataque maníaco ou psicótico – induzido por drogas. Isto está bem 
reconhecido. Então agora, em vez de só lidar com depressão, eles estão lidando 
com mania ou sintomas psicóticos. E uma vez que eles apresentem um episódio 
maníaco induzido por drogas, o que acontece? Eles vão para um quarto de 
emergência, e naquele momento eles estarão sendo novamente diagnosticados. A 
partir de então serão informados de serem bipolares e lhes será adicionado um 
anti-psicótico ao uso do antidepressivo; E, naquele momento, eles estão movendo 
ladeira abaixo para uma incapacidade crônica.
SS: 
A moderna psiquiatria reivindica que esses medicamentos psicoativos corrigem uma 
química cerebral patológica. Existe alguma evidência que suporte essa apologia 
de que uma química cerebral anormal é a culpada pela esquizofrenia e depressão?
RW: 
Isso é o aspecto chave que todo mundo precisa entender. Realmente é a resposta 
que destranca este mistério do porque as drogas teriam aquele efeito 
problemático a longo prazo. Começamos pela esquizofrenia. Eles imaginaram que 
tais drogas trabalham corrigindo um desequilíbrio de um neurotransmissor: a 
dopamina no cérebro. 
A teoria seria que as pessoas com esquizofrenia teriam 
sistemas dopaminérgicos hiperativos; e esses medicamentos, ao bloquear a 
dopamina no cérebro, consertariam tal desequilíbrio químico. Dessa forma, você 
obtém a metáfora de que eles são como insulina é para a diabetes; eles estão 
consertando uma anormalidade. Com os antidepressivos, a teoria seria de que as 
pessoas com depressão teriam níveis muito baixos de serotonina; As drogas elevam 
os níveis de serotonina no cérebro e dessa forma eles estão equilibrando essa 
química no cérebro. 
Em primeiro lugar, essas teorias nunca surgiram de 
investigações sobre o que realmente estava acontecendo com as pessoas. Pelo 
contrário, como eles descobriram que os anti-psicóticos bloqueavam a dopamina 
eles teorizaram que tais indivíduos teriam um sistema dopaminérgico hiperativo. 
O mesmo aconteceu com os antidepressivos. Eles verificaram que os 
antidepressivos elevavam os níveis de serotonina; então, eles teorizaram que as 
pessoas com depressão deveriam ter níveis baixos de serotonina.
Mas esse é o aspecto que eu desejaria que toda a América 
precisa saber  e desejaria que a psiquiatria devesse esclarecer: Eles nunca 
puderam verificar que as pessoas com esquizofrenia teriam sistemas hiperativos 
de dopamina. Eles nunca puderam constatar que as pessoas com depressão teriam um 
sistema de serotonina hipoativo. Eles nunca provaram de forma consistente que 
quaisquer dessas enfermidades são associadas com qualquer desequilíbrio de 
substâncias químicas no cérebro. A história de que as pessoas com desordens 
mentais têm reconhecidos desequilíbrios químicos - isto é uma mentira. Nós 
definitivamente não sabemos. É algo dito apenas para ajudar vender tais drogas e 
ajudar a vender o modelo biológico das desordens mentais.
Mas o ponto é esse. Nós sabemos, de fato, que estas drogas 
perturbam a forma como estes mensageiros químicos trabalham no cérebro. O 
paradigma real é: As pessoas diagnosticadas com desordens mentais não têm nenhum 
problema conhecido em seus sistemas de neurotransmissores; e estas drogas 
perturbam a função normal dos neurotransmissores.
SS: 
Então em lugar de corrigir um desequilíbrio químico, esses medicamentos 
infinitamente prescritos corrompem a química cerebral e a tornam enferma.
RW: 
Com certeza. Stephen Hyman, um famoso neuro-cientista e antigo diretor do 
Instituto Nacional de Saúde Mental (INSM), escreveu um artigo em 1996 que 
avaliava como as drogas psiquiátricas afetam o cérebro. Ele escreveu que todas 
estas drogas criam perturbações em funções dos neurotransmissores. E ele observa 
que o cérebro, em resposta para esta droga externa, altera suas funções normais 
e interpõe uma série de adaptações compensatórias. 
Em outras palavras, tenta se adaptar para o fato que uma 
droga anti-psicótica está bloqueando as funções normais da dopamina. Ou no caso 
dos antidepressivos, tenta compensar o fato de que você está bloqueando a 
re-captação da serotonina. A maneira como ele faz isso é se adaptar no sentido 
oposto. Então, se você for bloquear a dopamina no cérebro, o cérebro tenta 
liberar mais dopamina e realmente aumenta o número de receptores de dopamina. 
Dessa forma uma pessoa colocada sob drogas anti-psicóticas acabam tendo um 
número anormalmente alto de receptores de dopamina no cérebro.
Se você der a alguém um antidepressivo, e isso tenta manter 
os níveis de serotonina muito elevados no cérebro, ele faz exatamente o oposto. 
Ele cessa a produção da serotonina habitual e reduz o número de receptores de 
serotonina no cérebro. Então alguém que está sob uso de antidepressivo, depois 
de um tempo acaba com um nível anormalmente baixo de receptores de serotonina no 
cérebro. Assim o que Hyman concluiu sobre isso: Depois que estas mudanças 
aconteceram, o cérebro do paciente fica funcionando de um modo que é 
"qualitativamente tanto quanto quantitativamente diferente do estado normal." 
Então o que Stephen Hyman, antigo diretor do INSM, fez foi definir o presente 
paradigma de como estas drogas afetam o cérebro mostrando que elas estão 
induzindo a um estado patológico.
SS: 
Então o paradoxo é que não existe nenhuma evidência que suporte ao conclame da 
psiquiatria moderna de que existe algum desequilíbrio bioquímico patológico no 
cérebro que causa doença mental, mas se você tratar pessoas com estas novas 
drogas espetaculares, então você cria esses desequilíbrios patológicos?
RW: 
Sim, estas drogas corrompem a química normal do cérebro. Temos então aqui o real 
paradoxo! E a tragédia real é, que até que nós negociamos essas drogas como 
equilibradores químicos, fixadores químicos, quando na verdade nós estamos 
fazendo justamente o oposto. Nós estamos tomando um cérebro que não tem qualquer 
desequilíbrio químico sabidamente anormal, e ao colocar essas pessoas sob 
drogas, nós estamos instabilizando aquela química normal. Aqui é como Barry 
Jacobs, um neuro-cientista de Princeton, descreve o que acontece com uma pessoa 
que recebe um antidepressivo da família dos ISRSs. "Estas drogas," ele disse, 
"alteram o nível da transmissão sináptica para fora de taxas fisiológicas 
alcançadas sob condições biológicas ambientais normais. Deste modo, qualquer 
mudança no comportamento ou fisiologia produzida sob essas condições deveria ser 
apropriadamente considerada patológica ao invés de refletir o papel biológico 
normal da serotonina."
SS: 
Um dos antidepressivos ISRS que é amplamente creditado em ser uma droga 
maravilhosa é o Prozac®. Porém sua pesquisa verificou que o FDA (Administração 
de Alimentos e Medicamentos Federal dos EEUU) tem recebido mais relatos de 
efeitos co-laterais sobre o Prozac® do que qualquer outro medicamento. Qual tipo 
de efeitos maléficos as pessoas estão relatando?
RW: 
Em primeiro lugar, o Prozac® e os demais sucessores da mesma família ISRSs, tem 
seu nível de eficácia sempre num caráter marginal. Em todos os testes clínicos 
dos antidepressivos, aproximadamente 41 por cento dos pacientes melhoram num 
curto prazo contra 31 por cento dos pacientes com placebo. Agora veja a 
advertência disso! Se você usar um placebo ativo nestes testes - um placebo 
ativo causa uma mudança fisiológica sem benefício, como uma boca seca - qualquer 
diferença no resultado entre o antidepressivo e placebo virtualmente desaparece.
SS: 
Os testes medicamentosos mais iniciais com o Prozac® foram tão pouco promissores 
que eles tiveram que manipular os resultados dos testes para conseguir a 
aprovação do FDA?
RW: 
O que aconteceu com Prozac® é uma história fascinante. Desde o início, eles 
notaram uma eficácia discretamente acima de um placebo; e eles observaram que 
eles tiveram alguns problemas com suicídio. Existiriam aumentadas respostas 
suicidas comparadas ao placebo. Em outras palavras, as drogas estavam agitando 
as pessoas e tornando pessoas suicidas que não tinham potencial suicida prévio. 
Eles estavam obtendo respostas maníacas em pessoas que não tinham sido maníacas 
anteriormente. Eles estavam obtendo episódios psicóticos nas pessoas que não 
tinham quadros psicóticos prévios. Então você estava vendo estes efeitos 
colaterais muito problemáticos até ao mesmo tempo em que você estava observando 
alguma eficácia muito modesta, se alguma, maior do que um placebo para melhorar 
a depressão.
Basicamente, o que a Eli Lilly (Fabricante do Prozac®) 
teve que fazer foi encobrir a psicose, encobrir a mania; e, dessa maneira, podia 
conseguir obter a aprovação para essas drogas. Um revisor do FDA até advertiu 
que o Prozac® parecia ser uma droga perigosa, mas seria aprovada de qualquer 
maneira. 
Nós aparentemente estamos sabendo de tudo isso somente agora: 
"Oh, o Prozac® pode causar impulsos suicidas e todos esses ISRSs podem aumentar 
o risco de suicídio." O ponto é: isso não era nada novo. Aqueles dados já 
estavam documentados desde os primeiros ensaios. Você teve pessoas na Alemanha 
dizendo, "eu penso que esa é uma droga perigosa."
SS: 
Mesmo voltando ao final dos anos 1980, eles já eram conhecidos?
RW: 
Antes do final dos anos 1980 - no início dos anos 80, antes do Prozac® ser 
aprovado. Basicamente o que a Eli Lilly teve que fazer foi encobrir os riscos de 
mania e psicose, ocultar que algumas pessoas estavam ficando suicidas porque 
eles estavam ficando com esta agitação nervosa do Prozac®. Essa foi a única 
maneira para obter aprovação. 
Existiriam várias maneiras que eles utilizaram para esse 
encobrimento. Uma seria simplesmente remover os relatos de psicose da base de 
dados. Eles também voltaram e recodificaram alguns dos resultados dos ensaios. 
Vamos dizer que alguém teve um episódio maníaco ou um episódio psicótico; em vez 
de assinalar isto, eles só apontariam para um retorno da depressão, ou coisa 
parecida. Então existia uma necessidade básica em esconder estes riscos desde o 
início, e isso foi feito.
Então o Prozac® é aprovado em 1987, e é lançado em uma 
campanha de marketing surpreendente. A pílula propriamente foi apresentada na 
capa de várias revistas! É como a Pílula do Ano [risos]. E ele parece ser muito 
mais seguro: um remédio dos sonhos. Nós temos médicos dizendo, "Oh, o problema 
real com esta droga é que nós podemos agora criar qualquer personalidade que nós 
desejamos. Nós ficamos tão qualificados com essas drogas que se você quiser ter 
muito prazer o tempo todo, tome sua pílula!"
Isso era uma tolice completa. As drogas eram apenas 
fracamente melhores do que placebos no alivio de sintomas depressivos no curto 
prazo. Você teve todos estes problemas; e nós ainda estávamos elogiando em 
demasia estas drogas, dizendo: "Oh, os poderes da psiquiatria são tais que nós 
podemos dar a você a mente que você quer – projetamos uma personalidade!" Era 
absolutamente obsceno. Entretanto, qual foi o medicamento, que depois de ser 
lançado, que mais rapidamente se transformou na droga com mais reclamações nos 
Estados Unidos? O Prozac®! 
SS: 
Qual foi o índice de reclamações quando o Prozac® chegou ao mercado?
RW: 
Nesta aferição, nós temos o Medwatch, um sistema de relato onde 
nós reportamos eventos adversos das drogas psiquiátricas ao FDA. A propósito, o 
FDA tenta manter estes relatórios negativos distantes do público. Então, em vez 
do FDA manter esses dados facilmente disponíveis para o público, para que você 
possa conhecer os riscos de tais medicamentos, é muito duro chegar a estes 
relatórios.
Dentro de uma década, existiram 39.000 relatos adversos sobre 
o Prozac® que foi enviado para o Medwatch. Acredita-se que o número de 
eventos adversos enviados ao Medwatch represente só um por cento do número real 
de tais eventos. Então, se nós conseguirmos 39.000 relatos de evento adversos 
sobre o Prozac®, o número de pessoas que realmente sofreram tais problemas é 
estimado ser 100 vezes maiores, ou aproximadamente quatro milhões das pessoas! 
Isso faz do Prozac® o medicamento mais reclamado da América, sem dúvida. 
Existiram mais relatos de eventos adversos recebidos sobre o Prozac® em seus 
primeiros dois anos de mercado do que tinha sido reportado ao principal 
antidepressivo tricíclico em 20 anos! 
Lembre, o Prozac® foi lançado ao público Americano como uma 
droga maravilhosamente segura, e sobre o que as pessoas estão reclamando? Mania, 
depressão, psicose, nervosismo, ansiedade, agitação, hostilidade, alucinações, 
perda de memória, tremores, impotência, convulsões, insônia, náusea, impulsos 
suicidas. É uma grande variedade de sintomas graves. 
E aqui temos o surpreendente. Não foi apenas o Prozac. Uma 
vez que nós tivemos os demais ISRSs no mercado, como o Zoloft® e Aropax®, em 
1994, quatro antidepressivos dessa família estavam entre os 20 “tops” de 
reclamação entre as medicações da lista do Medwatch do FDA. Em outras palavras, 
todas destas drogas trazidas para comercialização começaram a ativar esta 
amplitude de eventos adversos. E esses não eram eventos menores. Quando você 
fala a respeito de mania, alucinações e depressão psicótica estamos falando de 
eventos adversos graves.
Prozac® foi lançado para o público americano como uma droga 
maravilhosa. Foi apresentado nas capas de revistas como tão seguras, e como um 
sinal de nossa habilidade maravilhosa de induzir o cérebro da forma como nós 
desejássemos. Na verdade, os relatórios estavam mostrando que nós poderíamos 
ativar muitos eventos perigosos, inclusive o suicídio e a psicose. 
O FDA estava sendo advertido sobre isto. Eles estavam 
recebendo uma inundação de relatórios de eventos adversos, e o público nunca foi 
informado sobre isso para um longo período de tempo. Levou uma década para que o 
FDA começasse a reconhecer o aumento de suicídios e de violência que pode ser 
ativados em algumas pessoas. Isso só mostra como o FDA traiu o povo americano. 
Isto é um exemplo clássico. Eles traíram sua responsabilidade em agir como um 
cão de guarda para o povo americano. Pelo contrário eles agiram como uma agência 
de encobrimento dos danos e riscos dessas drogas.
SS: 
Levando em conta o fracasso do FDA para nos advertir sobre Prozac®, qual foi sua 
recente negligência no assunto do risco de suicídio com os antidepressivos para 
crianças tratadas com remédios como o Aropax®? Não seriam os oficiais de saúde 
mental da Inglaterra muito melhores que seus colegas americanos no FDA na 
advertência sobre os perigos de tentativas de suicídio quando esses 
antidepressivos foram administrados aos adolescentes?
RW: 
Sim. A história das crianças é incrivelmente trágica. Também é uma história 
realmente sórdida. Vamos voltar um pouco para ver o que aconteceu às crianças 
sob antidepressivos. O Prozac® chegou ao comércio em 1987. No início dos anos 
90, as companhias farmacêuticas que fabricavam estas drogas estão dizendo, "O 
que podemos fazer para expandir o mercado para os antidepressivos?" Porque é 
isso que as companhias farmacêuticas fazem - elas querem chegar a um número 
sempre maior de indivíduos. Eles viram que eles tiveram um mercado em aberto com 
as crianças. Então vamos começar a vender essas drogas para crianças. E eles 
foram bem sucedidos. Desde 1990, o uso de antidepressivos em crianças subiu em 
torno de sete vezes. Eles começaram a prescrever por bem ou por mal.
Atualmente, sempre que eles fazem testes pediátricos com os 
antidepressivos, eles verificam que tais drogas não são mais efetivas nos 
sintomas objetivos da depressão do que o placebo. Isso aconteceu repetidamente 
nos testes pediátricos com essas drogas antidepressivos. Então, o que isso 
informa é que não existe nenhuma razão terapêutica real para o emprego dessas 
drogas nesta população de crianças, porque as drogas nem mesmo os reduzem os 
sintomas alvo por um curto prazo de forma melhor do que o placebo; e além do 
mais eles estavam causando todos os tipos de eventos adversos.
Por exemplo, em uma pesquisa, 75 por cento das crianças 
tratadas com antidepressivos sofreram algum evento adverso de qualquer espécie. 
Em um estudo pela Universidade de Pittsburgh, 23 % das crianças tratadas com um 
ISRS desenvolveu mania ou sintomas tipo maníaco; um adicional de 19 % 
desenvolveu hostilidade droga-induzida. Os resultados clínicos estavam lhe 
informando que você não conseguiu qualquer benefício na depressão; e você podia 
criar todos os tipos de problemas reais nas crianças - mania, hostilidade, 
psicose, e você pode até induzir suicídio. Em outras palavras, não use estas 
drogas, correto? Isso foi totalmente encoberto.
SS: 
Como foi ocultado?
RW: 
Nós tivemos psiquiatras - alguns desses obviamente receberam dinheiro das 
companhias medicamentosas - dizendo que as crianças estão sub-tratadas e eles 
estão em risco de suicídio e como nós poderíamos possivelmente tratar as 
crianças sem essas pílulas e que tragédia seria se nós não pudéssemos usar estes 
antidepressivos.
Finalmente, um pesquisador proeminente na Inglaterra, David 
Healy, começou a fazer sua própria pesquisa na habilidade destas drogas em 
promover suicídio. Ele também conseguiu conseguir acesso a alguns dos resultados 
de pesquisas e ele “soou o alarme”. Ele primeiro soou esse alarme na Inglaterra 
e ele apresentou esses dados em revisões por lá mesmo. E eles verificaram que 
aparentemente essas drogas estão aumentando o risco de suicídio e não existe 
realmente nenhum sinal de benefícios nos sintomas objetivos de depressão. Então 
eles começaram a se mobilizar por lá para advertir os médicos a não prescrever 
tais drogas para a juventude.
O que acontece nos Estados Unidos? Bem, foi só depois de 
existir muita pressão colocada sobre o FDA que eles captaram a mensagem. O FDA 
reclassificou o risco dessas drogas. Eles foram lentos até mesmo para por 
advertências, faixas pretas, nas caixas desses produtos. Por quê? As vidas das 
crianças não são um bem a ser protegido? Se nós sabemos que temos demonstrações 
científicas dos riscos que esses remédios apresentam ao aumentar suicídio, não 
deveríamos ao menos publicar uma advertência sobre isso? Mas o FDA foi 
negligente até mesmo para colocar essa advertência nas embalagens desses 
produtos.
SS: 
Se o Prozac® é o remédio mais reclamado do país, se o Aropax® foi demonstrado 
ser um risco de suicídio para a juventude, como foi que esses antidepressivos 
continuaram a ter uma reputação tão mágica de curas para a depressão? E por que 
o FDA falhou em nos advertir sobre Aropax® e Prozac® para tanto tempo?
RW: 
Existem algumas razões para isto. Os fundos do FDA se modificaram em 1990. Um 
decreto permitiu que muito dos fundos do FDA viessem das indústrias 
farmacêuticas: o decreto PDUFA (Prescription Drug User Fee Act 
– Decreto de Taxa de Usuário para Drogas de Prescrição). Basicamente, quando as 
companhias farmacêuticas solicitavam aprovação ao FDA eles teriam que pagar uma 
taxa. Esses honorários se tornariam grande parte dos recursos das revisões do 
FDA sobre as aplicações dos medicamentos. 
No final de contas, de repente, os recursos começaram a vir 
da indústria farmacêutica; não vinha mais do povo. Como esse decreto surgiu para 
renovação, basicamente os lobistas das fábricas de medicamentos estão dizendo 
que o trabalho do FDA não seria uma análise crítica das drogas, mas sim aprovar 
rapidamente essas drogas. E isso foi parte do pensamento de Newt Gingrich: seu 
trabalho era obter drogas para comercializar. Comece a ser parceiro da indústria 
farmacêutica e facilitar o desenvolvimento de medicamentos. Nós perdemos a idéia 
de que o FDA teria um papel de cão de guarda.
Também, de um modo humano, muitas pessoas que trabalham para 
o FDA abandonam para acabar indo para trabalhar para as companhias de 
medicamentos. A piada velha é que o FDA é um tipo de vitrina para um futuro 
emprego na indústria farmacêutica. Você vai lá, você trabalha por algum tempo, 
então você sai para a indústria de remédios. Bem, se esse é a progressão que as 
pessoas fazem, em essência eles estão fazendo uma rede de relações de bons 
meninos, para tanto eles não vão ser tão severos com as companhias 
farmacêuticas. Então, é isso que realmente aconteceu nos anos 1990. O FDA 
receberia novas ordens de marcha. As ordens eram: "Facilite a obtenção de 
medicamentos para o mercado. Não seja muito crítico. E, de fato, se você quiser 
manter seus recursos financeiros, que a partir de então estavam vindo da 
indústria farmacêutica, tenha certeza que você entendeu essas lições de 
sobrevivência." 
SS: 
Então as gigantes companhias farmacêuticas têm um enorme poder de cozinhar os 
resultados dos testes das drogas, fazendo os pesquisadores e até o próprio FDA a 
se curvar para a sua vontade?
RW: 
O FDA, em essência, foi submetido no início dos anos 90, e nós realmente vimos 
isto com as drogas psiquiátricas. O FDA se tornou um cão de colo para a 
indústria farmacêutica, e não um cão de guarda. 
É só agora isto se tornou de conhecimento público. Nós temos 
Marcia Angel(*), uma antiga editora do New England Journal of Medicine, 
escreva um livro em que ela diz que o FDA se tornou um cão de companhia. Agora 
está basicamente bem documentado esse declínio. Como editora do New England 
Journal of Medicine, o o mais prestigioso jornal médico que nós temos, 
Marcia Angell é alguém que estava bem no coração da Medicina Americana, e ela 
concluiu que o FDA desaponta as pessoas americanas. E ela perdeu seu emprego no
New England Journal of Medicine ao começar a criticar as companhias 
farmacêuticas.
Ela era a editora do jornal no final dos anos 1990 e havia um 
médico correspondente chamado Thomas Bodenheimer que decidiu escrever um artigo 
sobre como você não podia nem confiar no que era publicada nos jornais médicos 
por causa de toda a manipulação de resultados. 
Então eles fizeram uma investigação sobre como as companhias 
farmacêuticas financiavam todas as pesquisas e manipulavam os resultados dos 
ensaios científicos, então você não poderia realmente ter confiança no que você 
lê nesse tipo de publicação. Eles assinalaram que quando eles tentaram conseguir 
um perito para revisar a literatura científica relacionada aos antidepressivos, 
eles basicamente não conseguiram encontrar alguém que não tivesse recebido algum 
dinheiro das companhias farmacêuticas.
Agora, o New England Journal of Medicine é publicado 
pela Sociedade Médica de Massachusetts que publica muitos outros jornais, e eles 
têm muita publicidade farmacêutica. Então o que acontece depois que aquele 
artigo ser publicado por Thomas Bodenheimer e um editorial acompanhado de Marcia 
Angell sobre o estado deplorável da medicina americana a respeito disto? Ambos 
perdem seus empregos! Ela foi demitida e o mesmo aconteceu com Thomas 
Bodenheimer. Pense sobre isso. Nós temos o principal jornal médico demitindo 
pessoas, deixando-os partir, porque eles ousaram criticar uma ciência desonesta 
e o processo desonesto que estava envenenando a literatura científica.
Então nós temos o FDA que está agindo como cães de companhia. 
Você não pode confiar na literatura científica. Tudo isso mostra como o público 
americano foi traído e não sabia sobre todos os problemas com estas drogas e por 
que foi ocultado deles. Isso tem a ver com dinheiro, prestígio e redes de velhos 
“bons meninos”.
SS: 
Isso também a ver com o silenciamento dos críticos. A Eli Lilly usa a mídia para 
alardear benefícios do Prozac® e dar vantagens para médicos que freqüentam 
conferências para ouvir sobre seus benefícios, e suborna pesquisadores. Mas eles 
também não usam seu poder e dinheiro para silenciar seus críticos?
RW: 
Um exemplo é Dr. Joseph Glenmullen, um psiquiatra que também trabalha para o 
Serviço de Saúde da Universidade de Harvard, e que escreveu um livro chamado 
Prozac Backlash (O Jogo Prozac) que advertia sobre os perigos do 
Prozac®. Ele entende que essas drogas estão sendo abusadas e que causam efeitos 
colaterais severos. Ele até levanta questões sobre os problemas de memória a 
longo prazo com as drogas e deficiência orgânica cognitiva. Bem, a Eli Lilly 
construiu uma campanha de marketing para tentar desacreditá-lo. Eles divulgaram 
notícias para a mídia questionando sua afiliação com a Escola Médica de Harvard, 
etc. Fazem tudo para silenciar os críticos. 
Se você cantar a melodia que as companhias de droga querem, 
aos mais elevados níveis, você é pago com muito dinheiro para voar pelo mundo e 
dar apresentações sobre as maravilhas dessas drogas. E aqueles que vêm, e não 
fazem quaisquer perguntas embaraçosas, conseguem jantares de lagosta e talvez 
eles obtenham honorários para freqüentar essa reunião educacional. Então se você 
quiser ser parte dessas vantagens, você pode. Você canta as maravilhas dessa 
droga, e você não fala sobre seus efeitos colaterais sórdidos, e você pode 
conseguir um generoso pagamento como um de seus locutores convidados, ou como um 
de seus peritos.
Mas se você for um daqueles que estão dizendo: "E a respeito 
da mania, que tal a psicose?" - Eles silenciam você. Olhe para o que aconteceu 
para David Healy. Healy é até o melhor exemplo. David Healy tem esta reputação 
de extrema qualidade na Inglaterra. Ele é o escritor de vários livros na 
história da psicofarmacologia. Ele é como um antigo Secretário da Associação de 
Psicofarmacologia de lá. Ele recebeu uma oferta de trabalho na Universidade de 
Toronto para encabeçar seu departamento de psiquiatria. Então enquanto ele está 
esperando assumir aquela posição na Universidade de Toronto, ele vai para 
Toronto e preparou uma conferência sobre o risco elevado de suicídio com Prozac® 
e alguns outros ISRSs. Quando ele volta para casa, a oferta de trabalho foi 
rescindida. 
Agora Eli Lilly doa algum dinheiro para a Universidade de 
Toronto? Absolutamente. Então, respondendo sua pergunta, sim, a Eli Lilly 
silencia seus dissidentes também.
SS: 
Qual é a história por detrás do pagamento secreto entre Eli Lilly e os 
sobreviventes que processaram a companhia depois que Joseph Wesbecker atirou em 
20 colegas de trabalho após ser colocado sob uso de Prozac®?
RW: 
Durante esse julgamento em que a Eli Lilly estava sendo processada, o juiz iria 
permitir a demonstração de evidências muito prejudiciais contra a Eli Lilly. O 
juiz disse, "Vá em frente e apresente isso no julgamento." Mas a próxima coisa 
você já sabe, eles não apresentaram essas evidências; e de fato, de repente, os 
demandantes não mais estão apresentando as evidências mais significativas para 
continuarem seu julgamento. Então o juiz pergunta-se por que eles não estão 
apresentando seu melhor testemunho. Isso cheira a sujeira. Ele suspeita que a 
Eli Lilly pagou aos demandantes secretamente e parte do negócio era isso, os 
demandantes irão em frente com uma tentativa de fingimento de forma que a Eli 
Lilly ganhará o litígio. Então a Eli Lilly pôde conclamar, "Veja: nossa droga 
não faz as pessoas ficarem violentas." 
E, realmente, foi isso que aconteceu. A Eli Lilly sentiu que 
iria perder esse julgamento. Eles foram aos demandantes e disseram que lhes 
dariam muito dinheiro. Eles concordaram em ir em frente e arranjaram o caso, 
pois mantiveram os demandantes a irem até o final do julgamento. Desse modo a 
Eli Lilly pode publicamente reivindicar que eles ganharam a causa e que o 
Prozac® não causa dano.
SS: 
Como ficamos sabendo disso?
RW: 
Nós nunca teríamos conhecido essa história se não fosse por duas coisas. Uma, 
acredite nisto ou não, o juiz, em essência, apelou da decisão em seu próprio 
tribunal. Ele disse, "sinto mau cheiro nisso." E por isto, ele descobriu que 
existia esta determinação secreta e que era um processo de fingimento na sua 
continuação. Ele disse que era umas das piores violações à integridade do 
processo legal que ele já tinha visto. E segundo, um jornalista inglês chamado 
John Cornwell escreveu um livro chamado: Power to Harm: Mind, Medicine, 
and Murder on Trial (Poder para prejudicar: Mente, Medicina, e 
Assassinato no tribunal). Ele escreveu sobre este caso, e ainda nos Estados 
Unidos, nós praticamente não obtemos quase nenhuma notícia sobre esta 
determinação secreta e esta ampla perversão  do processo legal. Seri um 
jornalista inglês que estariaa expondo esta história.
Meu ponto aqui é esse: eles silenciam pessoas como Marcia 
Angell. Eles pervertem o processo científico. Eles pervertem o processo legal. 
Eles pervertem o processo de revisão de medicamentos do FDA. Está em todos 
lugares! E é por isso que nós como uma sociedade acabamos acreditando nestas 
drogas psiquiátricas. Você fez a pergunta há pouco tempo atrás, "Por que nós 
ainda acreditamos no Prozac?" Uma das razões é que a história sobre o Prozac é, 
na realidade, suportada. É publicamente suportada porque nós mantemos esse 
silêncio sobre essas questões.
A outra coisa para lembrar é que algumas pessoas sob Prozac® 
se sentem melhores. Isto é verdade. Isso é o divulgado, mas da mesma forma 
algumas pessoas com o uso de placebos se sentem melhores. Mas aquelas são as 
histórias que são repetidas: "Oh, eu tomei Prozac e eu estou me sentindo 
melhor." É aquele grupo seleto que faz melhor para que essa história seja a 
informada, sendo a história que o público ouve. Assim, é por isso que nós 
continuamos a acreditar na história de que essas drogas sejam uma maravilha, que 
sejam muito seguras, apesar de todo esse material sujo que ficou coberto. 
SS: 
Vamos agora nos mover dos antidepressivos como Prozac® e considerar outro novo 
grupo de drogas supostamente maravilhosos - as novas drogas anti-psicóticas. 
Você escreveu que o uso a longo prazo de drogas anti-psicóticas – ambas, os 
originais neurolépticos, remédios como o Amplictil ® e Haldol® e os mais 
recentes “atípicos” como Zyprexa® e Risperidal® - causam mudanças patológicas no 
cérebro o que pode levar a uma agravação dos sintomas de doença mental. Quais 
mudanças na química do cérebro resultam dos anti-psicóticos, e como isso leva ao 
principal e mais assustador aspecto que você descreveu – a doença mental crônica 
que ao qual se fica preso por tais substâncias?
RW: 
Essa é uma linha de pesquisa que atravessa 40 anos. Este problema de enfermidade 
crônica aparece de tempo em tempo repetidamente na literatura de pesquisa. Este 
mecanismo biológico está um pouco melhor compreendido agora. Os anti-psicóticos 
bloqueiam profundamente os receptores de dopamina. Eles bloqueiam entre 70-90 
por cento dos receptores de dopamina no cérebro. Em resposta, o cérebro gera 
mais ou menos 50 por cento de receptores extra de dopamina. Tenta ficar 
hiper-sensível.
Então, em essência você teria criado um desequilíbrio no 
sistema da dopamina no cérebro. É quase como se, em uma mão, você tem o 
acelerador - isto é: os receptores de dopamina extra. E a droga é o freio 
tentando bloqueá-los. Mas se você libera esse freio, se você abruptamente para 
com as drogas, você agora tem um sistema de dopamina que é hiperativo. Você tem 
muitos receptores de dopamina. E o que acontece? As pessoas que tentam 
abruptamente largar os medicamentos tendem a ter graves recaídas.
SS: 
Então as pessoas que foram tratadas com estas drogas anti-psicóticas têm uma 
propensão maior para recaídas, e apresentar novos episódios de doença mental, ao 
invés das pessoas que tiveram outros tipos de terapias sem tais drogas?
RW: 
Exatamente, e isso foi entendido em 1979, que você realmente estava aumentando a 
vulnerabilidade biológica subjacente para a psicose. E a propósito, nós já 
classificamos um entendimento de que se você mexe com o sistema de dopamina, que 
você podia criar alguns sintomas de psicose com anfetaminas. Então se você der a 
alguém doses suficientes de anfetaminas, eles ficam sob risco aumentado de 
psicose. Isto está bem conhecido. E o que as anfetaminas fazem? Eles liberam 
dopamina. Então existe uma razão biológica por que, se você for mexer com o 
sistema de dopamina, você está aumentando o risco de psicose. Isto é em essência 
o que estas drogas anti-psicóticas fazem, eles incrementam o sistema da 
dopamina. 
Veja aqui um impressionante estudo real sobre isso: 
pesquisadores da Universidade de Pittsburgh nos anos 90 tomaram pessoas 
recentemente diagnosticadas com esquizofrenia, e eles começaram a registrar 
imagens de ressonância magnética dos cérebros destas pessoas. Dessa forma nós 
conseguimos um retrato de seus cérebros no momento de diagnóstico, e então nós 
teremos imagens dos próximos 18 meses para verificar como esses cérebros se 
modificam. A partir daí durante 18 meses, eles estão sendo medicados com 
prescrições de anti-psicóticos, e o que os pesquisadores reportaram? Eles 
reportaram o seguinte, após este período de 18 meses, as drogas causaram um 
aumento dos gânglios da base, uma área do cérebro que usa dopamina. Em outras 
palavras, criaram uma mudança visível na morfologia, uma mudança no tamanho de 
uma área do cérebro, e isto é anormal. Isto é número um. Então nós temos uma 
droga anti-psicótica causando uma anormalidade no cérebro. 
Agora aqui temos o ponto chave. Eles verificaram que como 
aquela amplificação aconteceu, era associada com uma agravação dos sintomas 
psicóticos, uma agravação dos sintomas negativos. Então aqui você realmente tem, 
com uma tecnologia moderna, um estudo muito poderoso. Por processamento de 
imagens do cérebro, nós vemos como agente externo entra, corrompe a química 
normal, causa um aumento anormal dos gânglios da base, e aquele aumento causa 
uma agravação de muitos sintomas que deveria tratar. Agora isto realmente é, em 
essência, a história de um processo de doença - um agente externo causa 
anormalidade, dá origem a sintomas...
SS: 
Mas neste caso, o agente externo que ativa o processo de doença é o suposto 
tratamento para a própria doença! A droga psiquiátrica é o agente causador de 
enfermidade.
RW: 
Isto é exatamente assim. É um atordoante, uma descoberta maldita. É o tipo de 
coisa que você diria, "Oh Cristo, nós devíamos ter feito algo diferente." Mas 
você imagina que tipo de incentivo financeiro esse pesquisadores receberam, após 
eles fazerem tal descoberta?
SS: 
Não, qual? Eu imaginaria que eles conseguiram recursos para executar estes 
mesmos estudos em outras classes de drogas psiquiátricas.
RW: 
Eles conseguiram recursos para desenvolver um implante, um implante no cérebro, 
que liberaria drogas como o Haldol® de forma contínua e ininterrupta! Um 
investimento para desenvolver um implante de liberação de medicamentos, dessa 
forma você poderia implantar isso nos cérebros das pessoas com esquizofrenia e 
assim eles até não teriam qualquer oportunidade para não tomar esses remédios!
SS: 
Incrível. Projetar um implante para fornecer uma dose constante de uma droga que 
eles acabaram de descobrir ser causa de patologia na química do cérebro.
RW: 
Certo, eles acabaram de verificar que eles estão causando uma agravação dos 
sintomas! Então por que você continuaria com um projeto de um implante 
permanente? Porque seria para isso que o dinheiro viria.
E ninguém quis lidar com este achado horrível de um  aumento 
nos gânglios da base causado pelas drogas, associado com a agravação dos 
sintomas. Ninguém quis lidar com o fato de que quando você examinar as pessoas 
medicadas com anti-psicóticos, você começará a ver uma redução dos lobos 
frontais. Ninguém quer falar sobre nenhuma dessas coisas. Eles pararam essas 
pesquisas.
SS: 
Que outros efeitos colaterais são causados por uso prolongado destas drogas 
anti-psicóticas?
RW: 
Bem, você consegue a Discinesia Tardia (tardive dyskinesia), uma 
deficiência orgânica cerebral permanente; e a Acatisia, que seria uma agitação 
nervosa incrível. Você nunca fica confortável. Você quer se sentar, mas você não 
pode se sentar. É como se você estivesse rastejando fora de sua própria pele. E 
está associado com violência, suicídio e todos os tipos de coisas horríveis.
SS: 
Tais tipos de efeitos colaterais eram notórios com a primeira geração de drogas 
anti-psicóticas, como Amplictil®, Haldol® e Stelazine®. Mas, da mesma forma que 
com Prozac®, tantas pessoas estão ainda elogiando em demasia a nova geração de 
anti-psicóticos atípicos – Zyprexa®, Leponex® e Risperidal® - como drogas 
mágicas que controlam a doença mental com muito menos efeitos colaterais. Isto é 
verdade? O que você verificou?
RW: 
Não, é apenas uma completa tolice. De fato, eu penso que as mais novas drogas 
podem ser eventualmente estabelecidas como mais perigosas do que as antigas 
drogas, se isso fosse possível. Como você sabe, os neurolépticos conhecidos como 
Amplictil® e Haldol® tinham um relato reiterado de malefícios como a discinesia 
tardia e acatisia no máximo. 
Então quando nós conseguimos as novas drogas atípicas, elas 
foram extraordinariamente badaladas como infinitamente mais seguras. Mas com 
essas novas atípicas, você consegue obter todos os tipos de deficiências 
orgânicas metabólicas.
Vamos falar sobre Zyprexa®. Tem um perfil diferente. Ele pode 
não causar muita discinesia tardia. Pode não dar origem a tantos sintomas de 
parkinson. Mas ele causa um amplo leque de novos sintomas. Então, por 
exemplo, provavelmente causa mais diabete. E provavelmente cause mais distúrbios 
pancreáticos. Provavelmente cause mais obesidade e distúrbios no controle do 
apetite.
Na verdade, pesquisadores na Irlanda reportaram em 2003 que 
desde a introdução dos anti-psicóticos atípicos, a taxa de mortalidade em meio 
às pessoas com esquizofrenia dobrou. Eles tomaram as taxas de mortalidade das 
pessoas tratadas com neurolépticos clássicos e posteriormente eles comparam com 
as taxas de mortalidade das pessoas tratadas com anti-psicóticos atípicos, e 
essas taxas dobraram. Ela dobrou! Não houve redução dos perigos. De fato, nesse 
estudo de sete anos, 25 de 72 pacientes morreram.
SS: 
Quais eram as causas de morte?
RW: 
Todos os tipos de enfermidades orgânicas, e isto é parte do ponto. Estamos 
ficando com problemas respiratórios, estamos tendo pessoas que morrem com taxas 
de incrivelmente elevadas de colesterol, com problemas de coração, com diabetes. 
Com olanzapina (Zyprexa®), um dos problemas é que você está realmente força de 
forma extrapolada o âmago do sistema metabólico. É por isso que você alcança 
 estes enormes ganhos de peso, e você obtém uma diabetes. O Zyprexa® basicamente 
corrompe o “equipamento” que nós somos e que faz o processamento dos alimentos e 
da obtenção energética dessa comida. Então esse aspecto fundamental da função 
biológica humana é perturbado, e em algum momento você terá todos estes 
problemas pancreáticos, prejuízos da regulação da glicose, diabetes, etc. Isto é 
realmente um sinal que você é mexendo com algo muito fundamental para vida.
SS: 
Supostamente existe um aumento alarmante de doença mental sendo diagnosticada em 
crianças. Milhões são diagnosticados com depressão, sintomas bipolares e 
psicóticos, distúrbio de déficit de atenção e hiperatividade, e distúrbio de 
ansiedade social. Essa explosiva nova prevalência de doença mental no meio das 
crianças é um aumento real, ou é uma campanha de marketing que enriquece a 
indústria de drogas psiquiátricas, uma bonança para tais corporações 
farmacêuticas?
RW: 
Você está tocando em algo que realmente se trata de um escândalo trágico de 
proporções monumentais. Eu converso às vezes com classes de acadêmicos, classes 
de psicologia. Você não consegue acreditar qual é a porcentagem de jovens que 
foi estabelecida que seria mentalmente enferma desde crianças, de que algo 
estava muito errado com elas. É absolutamente fenomenal. É absolutamente cruel 
estar dizendo que tais crianças têm cérebros falidos e enfermidades mentais.
Existem duas coisas que estão acontecendo aqui. Um, claro, é 
que é uma completa tolice. Quando nos lembramos de nós quando crianças, você tem 
energia demais ou você se comporta às vezes de modo que não é totalmente 
apropriado, e você tem esses extremos de emoções, especialmente durante seus 
anos de adolescência. Ambos, crianças e adolescentes podem ser muito 
sentimentais. Então uma coisa que está acontecendo é que eles tomam alguns 
comportamentos da infância e começam a definir os comportamentos que eles não 
gostam de patológicos. Eles começam a definirem emoções que são 
desconfortáveis como patológicas. Então parte do que nós estamos fazendo é 
“patologização” da infância com uma definição inepta de trivialidades. Nós 
estamos patologizando, criando sofrimento no meio das crianças.
Por exemplo, se você for um filho de criação, e talvez você 
tenha recebido pouco conforto na loteria da vida e crescido em uma família 
disfuncional e você é colocado num orfanato, você sabe o que acontece hoje? Você 
muito provavelmente vai ser diagnosticado com uma desordem mental, e você vai 
ser colocado sob um medicamento psiquiátrico. Em Massachusetts, algo em torno de 
60 a 70 por cento das crianças de orfanatos estão recebendo medicações 
psiquiátricas. Essas crianças não são mentalmente doentes! Elas conseguiram um 
tratamento injusto na vida. Elas acabaram em um lar de proteção, o que significa 
que eles estavam numa situação familiar ruim, e o que nossa sociedade faz? Eles 
dizem: "Você tem um cérebro defeituoso." Não seria a sociedade que seria ruim e 
você não conseguiu uma situação justa. Não, a criança tem um cérebro defeituoso 
e tem que ser colocada sob drogas. É absolutamente criminoso.
Deixe-me falar sobre desordem bipolar entre crianças. Como um 
médico disse, isso costumava ser tão raro que seria quase inexistente. Agora nós 
estamos vendo isso a todo momento. Os “bipolares” estão explodindo entre as 
crianças. Bem, em parte você poderia dizer que nós estamos apenas rotulando sem 
cautela as crianças mais freqüentemente; mas de fato, existe algo realmente 
acontecendo. Veja aqui o que está acontecendo. Você pega crianças e as coloca 
sob antidepressivo - que nós nunca costumávamos fazer - ou você as coloca sob 
uso de um estimulante como Ritalina®. Os estimulantes podem criar mania; os 
estimulantes podem criar psicose. 
SS: 
E antidepressivos também podem causar mania, como você assinalou.
RW: 
Exatamente, então a criança pode acabar com uma crise maníaca droga-induzida ou 
episódio psicótico. Uma vez que elas têm isto, o médico na sala de emergência 
não diz, "Oh, ele está sofrendo de um episódio induzido por medicamentos." Ele 
diz que ele é bipolar!
SS: 
Então eles dão a criança uma nova droga para uma desordem mental causada pela 
primeira droga?
RW: 
Sim, eles dão a ele uma droga anti-psicótica; e agora a criança está sob um 
coquetel de drogas, e ela está em no curso de ficar inválido por toda a vida. 
Isto é um exemplo de como nós realmente estamos criando crianças doentes. 
SS: 
É como se a sociedade ou suas escolas estejam tentando tornar eles manejáveis e 
eles acabam pondo as crianças em uma montanha russa química contra sua vontade.
RW: 
Absolutamente. 
SS: 
Existe um número surpreendente de crianças recebendo Ritalina® para tratar 
hiperatividade. Mas qual menino de 10 anos de idade confinado em um banco 
escolar não é hiperativo? Você descreve que o efeito da Ritalina® no sistema da 
dopamina é bem parecido com a cocaína e as anfetaminas.
RW: 
Ritalina® é metilfenidato. De fato o metilfenidato afeta o cérebro exatamente do 
mesmo modo que a cocaína. Eles dois bloqueiam uma molécula que é envolvida na 
re-captação da dopamina.
SS: 
Então ambos aumentam os níveis de dopamina no cérebro?
RW: 
Exatamente. E eles fazem isto com um grau semelhante de potência. Então o 
metilfenidato é bem parecido com a cocaína. Agora, uma diferença é se você está 
aspirando isto ou se está em uma pílula. Esse aspecto modifica o quão rápido é 
sua metabolização. Mas de qualquer forma, basicamente afeta o cérebro de igual 
forma. Veja, o metilfenidato foi usado em estudos de pesquisa para 
deliberadamente manipular a psicose em esquizofrênicos. Uma vez que eles 
descobriram que você podia tornar uma pessoa com uma propensão para psicose, dê 
a eles metilfenidato, e produza a psicose. Nós também descobrimos que as 
anfetaminas, como o metilfenidato, podiam criar psicose nas pessoas que nunca 
tinham sido psicóticas anteriormente.
Então pense sobre isso. Nós estamos dando uma droga para 
crianças que é reconhecida em ter a possibilidade de ativar uma psicose. Agora, 
o estranho sobre o metilfenidato e as anfetaminas é o seguinte, em crianças, 
eles são reconhecidos de produzir um efeito paradoxal. O que a anfetamina faz 
nos adultos? Torna eles mais nervosos e hiperativos. Por alguma razão, para as 
crianças as anfetaminas as deixam realmente mais aquietam sua atividade; 
realmente as manterá em suas cadeiras e as tornam mais focadas. Então você 
captura as crianças em escolas tediosas. Os meninos não estão prestando atenção 
e eles são diagnosticados como DDHA e são colocados sob uma droga que é 
conhecida em promover psicose. A próxima coisa você já sabe, um número 
considerável delas não estarão funcionando bem quando elas tiverem uns 15, 16, 
ou 17 anos. Algumas daquelas crianças falarão sobre como se sentiam quando 
estando sob tais medicamentos a longo prazo, você começa a sentir como um zumbi; 
você não sente como se fosse você mesmo.
SS:
Vazios,
emoções
embotadas. E isto está 
sendo feito com milhões de crianças.
RW: 
Milhões de crianças! Pense sobre o que nós estamos fazendo. Nós estamos roubando 
das crianças o seu direito de ser criança, o seu direito de crescer, seu direito 
de experimentar uma ampla possibilidade de plenas emoções, e seu direito de 
experimentar o mundo no mais amplo leque repleta de matizes de cores. Isso é que 
é o crescimento, isso é viver a vida! E nós estamos roubando das crianças do seu 
direito de ser. É tão criminoso. E nós estamos falando sobre milhões de crianças 
que foram afetadas desse modo. Existem algumas escolas onde algo em torno de 40 
a 50 por cento das crianças chegam com uma prescrição psiquiátrica.
SS: 
Parece um enorme mecanismo de controle social. A sociedade dá às crianças 
Ritalina® e antidepressivos para subjugá-los e o faz para eles se ajustarem. Por 
um lado, é tudo controle e conformidade social. Mas também tem um enorme 
marketing recompensatório.
RW: 
Você está certo, cria clientes para os medicamentos, e clientes esperados serem 
praticamente para toda a vida. É assim que estamos sendo informados, certo? Eles 
são informados que eles vão estar sob essas drogas por toda vida. E num próximo 
estágio eles sabem, eles estarão sob mais duas ou três ou quatro drogas. É 
brilhante do ponto de vista capitalista. Também tem uma certa função de controle 
social. Mas você captura uma criança, e você a torna num cliente, e espero que 
ela seja um cliente vitalício. É brilhante.
Atualmente nós gastamos com antidepressivos nesse país que o 
Produto Nacional Bruto de países de tamanhos médio como a Jordânia. Uma quantia 
surpreendente de dinheiro. A quantia de dinheiro que nós gastamos em drogas 
psiquiátricas neste país é mais que o Produto Nacional Bruto de dois terços dos 
países do mundo. Apenas sob esse paradigma mental incrivelmente lucrativo em que 
você pode consertar desequilíbrios químicos do cérebro com tais drogas. Isso 
funciona muito bem sob o ponto de vista capitalista para a Eli Lilly. Quando o 
Prozac® veio para o comércio, o valor da Eli Lilly na Wall Street, sua 
capitalização, era ao redor de 2 bilhões de dólares. Pelo ano 2000, o tempo 
quando Prozac era sua droga número UM, sua capitalização alcançou 80 bilhões de 
dólares - um aumento de quarenta vezes.
Então, o que você necessariamente tem que examinar se você 
quer compreender porque as companhias farmacêuticas procuraram exaltar essa 
perspectiva com tamanha determinação. Trouxe bilhões de dólares em riqueza em 
termos de aumentos nos lucros para os donos e gerentes dessas companhias. Também 
se beneficia o stablishment psiquiátrico que se fortalece nas sombras dos 
medicamentos; eles fazem isso muito bem. Existe muito dinheiro que flui na 
direção daqueles que abraçaram essa maneira de tratamento. Existem anúncios que 
enriquecem a mídia. É tudo uma grande negociata.
Infelizmente, o custo é a desonestidade na nossa literatura 
científica, a corrupção do FDA, e o dano absoluto feito contra as crianças neste 
país tratadas neste sistema, e um aumento de 150.000 pessoas inválidas a cada 
ano nos Estados Unidos nos últimos 17 anos. Essa é um registro impressionante do 
dano produzido. 
SS: 
Todo mundo fica rico -- as companhias farmacêuticas, os psiquiatras, os 
pesquisadores, as agências de publicidade - mas os clientes tornam suas mentes 
drogadas e a danificadas por toda a vida.
RW: 
E você sabe o que é mais interessante? Ninguém diz que a saúde mental do povo 
americano está melhorando. Pelo contrário, todo mundo diz que nós temos este 
problema num crescendo, eles culpam isto às tensões da vida moderna ou algo 
desse tipo, mas eles não querem examinar para o fato de que nós estamos 
produzindo doença mental.
(*)Márcia Angell – é autora do livro “A verdade sobre os 
laboratórios farmacêuticos”, editora Record – faz parte dos livros sugeridos 
do site umaoutravisao.
